quarta-feira, 26 de novembro de 2025

DINHEIRO VS CONHECIMENTO!

Texto traduzido de: Olawale Kolawole

Muitas pessoas argumentam que um equilíbrio entre dinheiro e conhecimento é fundamental para o sucesso e para uma vida plena.

O dinheiro pode comprar conforto e ser usado para adquirir conhecimento por meio de educação e experiência.

O conhecimento por outro lado pode ser usado para gerar, gerir, tomar decisões financeiras sábias e utilizar o dinheiro de forma eficaz visando o bem-estar.

O conhecimento é um ativo mais fundamental porque pode ser usado para gerar mais dinheiro.

O dinheiro sozinho não garante felicidade ou total ou realização, mas pode melhorar o acesso a um conhecimento e educação melhores.

Você pode ganhar dinheiro, mas o conhecimento vai garantir que ele fique consigo.

Embora ambos sejam poderosos, o conhecimento geralmente é considerado superior ao dinheiro porque o seu conhecimento não pode ser retirado, pode gerar mais riqueza e oferece valores de longo prazo, enquanto o dinheiro é um recurso que pode perder se não for bem administrado.

Dinheiro pode abrir portas, mas conhecimento pode construir novas portas.

Agora assista ao pequeno e fabuloso vídeo clicando no seguinte link:

https://www.linkedin.com/posts/olawale-kolawole-751a3514_money-success-education-ugcPost-7398360525757378560-h_NW?utm_source=social_share_send&utm_medium=android_app&rcm=ACoAAAHLlAkBvOnBrwQv6SvXm7L8PGMqYcw8j98&utm_campaign=share_via  

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

INAUGURAÇÃO DO CANAL DE SUEZ

Há precisamente 156 anos, a 17 de novembro de 1869, era oficialmente inaugurado o Canal de Suez, numa grandiosa cerimónia realizada no Egito, sob o patrocínio do Quediva Ismail Paxá. A obra, idealizada e dirigida pelo engenheiro francês Ferdinand de Lesseps, ligou o Mar Mediterrâneo (Porto Said) ao Mar Vermelho (Suez), criando uma rota marítima direta entre a Europa e a Ásia, sem necessidade de contornar o Cabo da Boa Esperança.

Esta foi uma das maiores obras infraestruturais do século XIX, e um marco de engenharia, com cerca de 160 km de extensão, configurando-se como um símbolo de modernidade e poder imperial. A inauguração contou com a presença de imperatrizes, reis e diplomatas europeus, refletindo o interesse geopolítico na região e transformando o comércio global ao reduzir em milhares de quilómetros as rotas comerciais entre Ocidente e Oriente.

A cerimónia incluiu um desfile naval e um luxuoso banquete. Consta que a ópera Aida, de Verdi, foi encomendada para a ocasião, embora só tenha estreado dois anos depois, em 1871. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

RICHARD BURTON E ELIZABETH TAYLOR

Esta carta foi escrita por Richard Burton para Elizabeth Taylor apenas uma semana antes da sua morte, aos 59 anos, e oito meses após se casar com a sua última esposa, Sally Hay. Durante esse último ano de vida, ele e Liz nunca mais se viram. Mas o amor, esse, nunca partiu.

Elizabeth encontrou a carta em sua casa na Califórnia, quando voltou do enterro de Burton na Suíça.

Eis um trecho:

“Quero saber como estás, ódio meu, meu rosto e minha cruz, sombra e luz, minha pomba e meu corvo…

É domingo à tarde. Eu bebo… Minha solidão é uma casa enorme, vazia e inútil como esta.

Se pudesses responder-me… se ainda não fosse tarde demais para este marinheiro bêbado que deseja voltar ao seu cais…

Tu és como a chuva e a memória, clara e escura, a arma e a ferida, falsa e linda, ardente e fria…

Não há vida sem ti.

Tu és o osso e a veia, turva e clara, a parede e a hera, a erva que beijará minha lápide.

No fundo, nunca nos separamos. E acho que nunca o vamos fazer…”

Quem é capaz de amar assim, mesmo diante do fim?

Quem ainda deseja um amor que resista à ausência, ao tempo, ao orgulho… e até à morte?

Talvez, o verdadeiro amor nunca se vá.

Talvez, alguns corações jamais aprendam a esquecer. 

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

ELIZABETH CADY STANTON

Há precisamente 210 anos, a 12 de novembro de 1815, nascia em Johnstown, Nova Iorque, Elizabeth Cady Stanton, uma das figuras mais influentes do movimento sufragista nos Estados Unidos, e pioneira na luta pelos direitos civis das mulheres e pela igualdade de género. 

Combinando pensamento político, escrita incisiva e ação pública, tornou-se símbolo da resistência feminina à exclusão legal e cultural.

Educada em casa e depois na Emma Willard School, estudou direito informalmente com o pai, que era juiz. Coorganizou a Convenção de Seneca Falls, em 1848, o primeiro encontro formal pelos direitos das mulheres nos EUA. Redigiu a Declaração de Sentimentos, inspirada na Declaração da Independência, exigindo sufrágio feminino. Em parceria com Susan B. Anthony, fundou a National Woman Suffrage Association, em 1869.

Defendeu não apenas o voto, mas também o direito ao divórcio, à educação e à propriedade para mulheres. Foi criticada por algumas feministas da época pela sua postura radical e por excluir questões raciais em certos momentos. Hoje é reconhecida como uma das fundadoras do feminismo moderno, com impacto duradouro na legislação e na cultura política. Faleceu em 26 de outubro de 1902, em Nova Iorque. 

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

CLAUDE RAINS

“A dignidade é a única coisa que não se pode fingir.”

Claude Rains nasceu em Londres a 10 de novembro de 1889, e foi um dos grandes atores da Era de Ouro de Hollywood, conhecido pela sua voz inconfundível, presença sofisticada e talento para interpretar personagens ambíguos e intensos. Naturalizou-se cidadão norte-americano em 1939 e deixou uma marca profunda no teatro e no cinema.

Lutou na Primeira Guerra Mundial e ficou parcialmente cego de um olho após um ataque com gás. Era conhecido por decorar não apenas as suas falas, mas todo o guião. 

Tinha uma voz grave e refinada, que se tornou a sua marca registada. Apesar da aparência aristocrática, cresceu em condições humildes e superou uma gaguez na juventude.

Claude Rains foi um mestre da ambiguidade moral no ecrã. Elegante, irónico, por vezes sombrio, mas sempre magnético. A sua carreira é um testemunho da arte de representar com subtileza e profundidade. Faleceu em New Hampshire, EUA, a 30 de maio de 1967. 

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

ANÓNIMO

MAIORES DE 50

“Não toque em pessoas com mais de 50 anos. Estou a falar sério.

Eles não são apenas outra geração: eles são uma verdadeira espécie de sobreviventes.

Duros como o pão do dia, rápidos como os chinelos da avó jogados com precisão de boomerang. Aos cinco anos já “liam” o humor da mãe pelo tilintar da panela; aos sete tinham um porta-chaves com instruções:

“Encontras a comida no frigorífico: aquece-a, mas não entornes.”

Aos nove cozinhavam sem receita; aos dez sabiam fechar a água e fugir do cachorro do vizinho com um balde na cabeça.

Eles passavam o dia inteiro na rua, sem telemóvel, com uma rota clara: barra de dominadas, rio e regresso a casa à noite, com os joelhos cobertos de cicatrizes: o mapa das suas pequenas batalhas.

E eles sobreviveram.

Selaram os arranhões com saliva e folhas de borracha, e quando doeu, escutavam: "Se não ficou pendurado, é porque quase não dói.”

Comiam pão com açúcar, bebiam do aspersor do jardim — um microbioma que invejaria qualquer iogurte — e não conheciam alergias. E se tivessem, não diziam nada.

Eles sabem quinze truques para remover manchas de erva, gordura, sangue ou tinta, porque eles sempre tinham de voltar “apresentáveis”.

E isso não é tudo. Eles passaram por:

– rádio de transístores,

– TV a preto e branco,

– gira-discos e vinis,

– gravadores de bobinas e fitas,

– CD e Discman,

E agora eles carregam milhares de músicas no bolso..., mas sentem falta do rangido de rebobinar cassetes com um lápis.

Com a carta de condução na mão, eles atravessaram o país num carro velho, sem hotéis, ar condicionado ou GPS. Apenas um mapa de estradas e uma sanduíche de ovo no porta-luvas. Eles chegavam sempre, sem o Google Tradutor, sorrindo.

Eles são a última geração que viveu sem internet, sem bateria sobresselente e sem a ansiedade de ficar sem bateria.

Lembram-se do telefone fixo pendurado num canto do corredor, livros de receitas em cadernos e não em aplicativos, e aniversários que apontavam... Ou costumavam esquecer.

Eles:

– consertam tudo com fita isolante, clipe ou alicate,

– tinham apenas um canal de TV e não se aborreciam,

– “folheavam” a lista telefónica, não um feed,

– acreditavam que uma chamada perdida significava “Estou bem, eu ligo de volta.”

Eles são diferentes. Eles possuem um “amianto emocional”, um sistema imunológico forjado na escassez e reflexos de ninja urbano.

Não toque num cinquentão: ele já viu mais, viveu mais fundo e carregou no bolso um doce de hortelã mais velho que o seu filho.

Sobreviveu à infância sem cadeira de carro, sem capacete e sem protetor solar. Escola, sem laptop. Juventude, sem scroll infinito.

Não procura respostas no Google: confia no seu instinto.

E tem mais memórias do que as suas fotos na nuvem. 

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

LAIKA: A ÓRBITA DO SILÊNCIO

Moscovo, 3 de novembro de 1957.

Ainda era madrugada quando a cidade acordou com a notícia: uma cadela tinha sido enviada ao espaço. Chamava-se Laika. Não tinha pedigree, nem nome de estrela. Fora recolhida das ruas, uma entre tantas, e treinada para um destino que nenhum ser vivo conhecia.

No centro de controlo, os engenheiros observavam os monitores com olhos fixos e mãos trémulas. O Sputnik 2 cortava o céu, levando consigo não apenas tecnologia, mas uma vida. Laika não sabia que era pioneira. Não sabia que o mundo a olhava. Respirava com esforço, o coração acelerado, o corpo preso num habitáculo metálico. Mas os olhos, dizem os que a viram antes do lançamento, estavam calmos.

Lá em cima, a Terra girava sob ela. Azul, redonda, indiferente. Laika não voltou. Mas também não caiu. Ficou em órbita da memória humana, como símbolo de um tempo em que o progresso corria mais depressa do que a compaixão.

Nenhuma estátua lhe devolve o calor do corpo. Nenhuma medalha lhe devolve o chão. Mas há vitórias que não se medem em regresso. Laika venceu, não porque sobreviveu, mas porque foi.

E nesse gesto, a razão humana foi confrontada com a sua própria sombra. 

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O ADVOGADO E O PROFESSOR


Um advogado vendeu o seu poço a um professor. Dois dias depois, o advogado chegou junto do professor e disse: "Senhor, vendi-lhe o poço, mas não é com a água dentro! Se quiser usar a água, terá de pagar um extra."

O professor sorriu e respondeu: "Sim, eu estava prestes a ir ter consigo. Eu ia dizer-lhe que deveria tirar a sua água do meu poço, senão terá de começar a pagar aluguer pelo espaço a partir de amanhã."

Ao ouvir isto, o advogado ficou nervoso e disse: "Oh, eu estava só brincando!"

O professor riu e disse: "É assim que pessoas como você se tornam advogados depois de estudarem connosco." 

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

MUSTAFA KEMAL ATATÜRK

O dia 29 de outubro de 1923 é uma data histórica para a República da Turquia, dado que foi o momento em que Mustafa Kemal Atatürk procedeu à sua proclamação, fixando Ancara como capital e ele próprio como primeiro presidente. Com este ato marcou o fim de séculos de monarquia otomana e o início de um Estado secular, moderno e nacionalista, que deu origem à implementação de reformas profundas:

  • Abolição do califado (1924) e separação do Estado da religião.
  • Introdução do alfabeto latino, do código civil suíço e do sufrágio feminino.
  • Promoção da educação laica e da industrialização.

Mustafa Kemal Atatürk nasceu em 1881, em Salonica (atualmente Tessalónica, na Grécia), então parte do Império Otomano. Formado em academias militares otomanas, destacou-se como comandante durante a Primeira Guerra Mundial, especialmente na Batalha de Gallipoli (1915), onde ganhou notoriedade nacional.

Após a derrota do Império Otomano na guerra, liderou a resistência contra a ocupação estrangeira e o Tratado de Sèvres, que fragmentava o território turco. Em 1919, iniciou a Guerra de Independência da Turquia, culminando na vitória sobre as forças invasoras e na abolição do sultanato otomano em 1922.

Faleceu em 10 de novembro de 1938, mas permanece uma figura central na identidade turca. O dia 29 de outubro é celebrado anualmente como o Dia da República na Turquia, com desfiles, cerimónias e homenagens à sua liderança visionária. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

JEAN-PAUL SARTRE

“A felicidade não está em fazer o que se quer, mas em querer o que se faz.”

Jean-Paul Charles Aymard Sartre nasceu em Paris a 21 de junho de 1905. Órfão de pai desde os dois anos, foi criado pela mãe e pelo avô materno, que lhe proporcionou uma educação literária precoce e intensa. Estudou na Escola Normal Superior de Paris, onde conheceu Simone de Beauvoir, sua companheira intelectual e afetiva ao longo da vida.

Sartre foi o principal representante do existencialismo francês, corrente filosófica que defende que a existência precede a essência, ou seja, que o ser humano constrói a sua identidade através das escolhas que faz. Para ele, “estamos condenados a ser livres”, pois a liberdade é uma condição inevitável da consciência humana.

Durante a Segunda Guerra Mundial, foi prisioneiro dos alemães e, após ser libertado, envolveu-se politicamente, fundando o grupo “Socialismo e Liberdade” e a revista Les Temps Modernes. Recusou o Prémio Nobel de Literatura em 1964, por considerar que um escritor não deve ser institucionalizado.

Entre suas obras mais influentes estão:

  • A Náusea (1938) — romance filosófico sobre o absurdo da existência
  • O Ser e o Nada (1943) — tratado existencialista
  • O Existencialismo é um Humanismo (1946) — ensaio acessível que popularizou suas ideias

Sartre faleceu em Paris, a 15 de abril de 1980, deixando um legado que atravessa a filosofia, a literatura, o teatro e o ativismo político. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

ROBERT DE NIRO

ENVELHECER

“A velhice não aceita despreparo.

Ela não chega com delicadeza, e quem a espera de mãos vazias, sente o peso da dependência.

Prepare-se. Tenha algo guardado, um teto seguro, um carro à disposição.

Mas acima de tudo: que tudo isso seja seu.

Porque envelhecer com dignidade exige autonomia.

Não reescreva os seus bens. Não confie cegamente que alguém cuidará de si como cuida de si próprio.

Seja leve: menos posses, mais paz.

Quanto mais coisas tem, mais elas exigem de si e, se não perceber, passam a possuí-lo.

A arte de viver é uma habilidade rara.

É saber dormir profundamente, comer com prazer, rir com liberdade e não se deixar consumir pelas preocupações.

Lembre-se: neste mundo, nada é realmente nosso.

E quanto menos pertencermos às coisas, mais livres seremos por dentro.

A verdadeira prisão é a do apego.

E a liberdade começa quando aprendemos a viver com o essencial.” 

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

SAÍDA DO NÚNCIO APOSTÓLICO DE LISBOA

Em 20 de outubro de 1910, o núncio apostólico, representante diplomático da Santa Sé em Portugal, abandonou Lisboa. Este gesto simbolizou o rompimento oficial das relações diplomáticas entre o Vaticano e o novo regime republicano.

Após a Revolução Republicana de 5 de Outubro de 1910, que pôs fim à monarquia constitucional portuguesa, o clima político e religioso estava profundamente alterado. 

A Primeira República, fortemente influenciada por ideais laicas e anticlericais, iniciou uma série de reformas que visavam reduzir a influência da Igreja Católica na vida pública. Entre elas, destacavam-se a separação de poderes entre Igreja e Estado, a expulsão de ordens religiosas e a nacionalização de bens e propriedades eclesiásticas.

A saída do núncio marcou o início de um período de forte tensão entre o Estado português e a Igreja, que só viria a ser parcialmente resolvido com a assinatura da Concordata de 1940, já durante o Estado Novo. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

RAZÕES PARA ACREDITAR





















Em 1979, ele adotou nove meninas que ninguém queria - 46 anos depois, o que elas se tornaram deixa qualquer um sem palavras...

O mundo de Richard Miller ruiu em 1979, quando a sua esposa, Anne, morreu. A casa deles - outrora cheia de sonhos de crianças - estava agora vazia.

Os amigos aconselharam-no a casar novamente, mas ele agarrou-se às últimas palavras de Anne:

"Não deixes o amor morrer comigo. Dá-lhe um lugar para viver."

Numa noite de tempestade, o destino levou-o até ao Lar St. Mary. Lá ele viu nove bebés, abandonados juntos, com os seus choros ecoando pelos corredores.

Ninguém queria levá-los a todos. A separação parecia inevitável.

Mas Richard ajoelhou-se e, com uma voz quebrada, sussurrou:

"Eu levo todas as raparigas."

O mundo pensou que ele era louco. Os serviços sociais duvidaram dele. Parentes escarneceram. Os vizinhos sussurraram: "O que é que um homem branco vai fazer com nove raparigas negras?"

E, mesmo assim, Richard vendeu tudo o que tinha, fez turnos duplos e construiu nove berços com as próprias mãos. As noites dissolveram-se num redemoinho de biberões, canções de embalar e tranças tecidas com a luz do candeeiro da cozinha. A vida debitou desafios, mas risadas, memórias de Anne e as personalidades únicas das raparigas uniram a família uma e outra vez.

O riso contagiante da Sarah.

As travessuras da Naomi.

A ternura de Leah.

Uma a uma, tornaram-se mulheres, professoras, enfermeiras, mães, que nunca esqueceram o homem que as escolheu.

E agora, em 2025, Richard olha do outro lado da mesa para as suas filhas radiantes e vê o milagre que Anne pediu.


quarta-feira, 15 de outubro de 2025

NAPOLEÃO BONAPARTE

Em 1815, no dia 15 de outubro, Napoleão Bonaparte iniciou oficialmente o seu exílio na ilha de Santa Helena. Esse momento marca o final definitivo da sua influência política e militar na Europa, após a sua derrota em Waterloo.

Nasceu em 1769, na ilha de Córsega, poucos meses após a sua anexação à França. Filho de uma família da nobreza empobrecida, Napoleão Bonaparte cresceu entre o orgulho insular e a aspiração continental. Desde cedo, o jovem corso revelou uma inteligência cortante e uma ambição que não cabia nas fronteiras da sua terra natal. Aos nove anos, foi enviado para o continente para estudar em escolas militares, onde o seu sotaque e origem modesta o tornaram alvo de escárnio, mas também forjaram a couraça de um estratega implacável.

A Revolução Francesa abriu-lhe as portas da História. Num país em convulsão, Napoleão viu oportunidade. Ascendeu rapidamente nas fileiras do exército, distinguindo-se pela ousadia e pelo cálculo. Em 1799, com apenas trinta anos, protagonizou um golpe de Estado e tornou-se Primeiro Cônsul. Cinco anos depois, coroou-se a si próprio Imperador dos Franceses, num gesto que dispensava bênçãos alheias. O poder, acreditava, era seu por direito de génio.

Durante uma década, a Europa curvou-se à sua passagem. De Austerlitz a Jena, de Wagram a Moscovo, Napoleão redesenhou mapas e destinos. Mas a sua fome de conquista era insaciável. Cada vitória alimentava a ilusão de invencibilidade. Cada tratado era apenas uma pausa antes da próxima campanha. O Império, vasto e glorioso, começou a ruir sob o peso da sua própria ambição.

A invasão da Rússia, em 1812, foi o início do fim. O “general inverno” e a resistência russa dizimaram o seu exército. Seguiram-se derrotas, deserções e traições. Em 1814, foi exilado para Elba. Retornou em 1815, num último ato de desafio — os Cem Dias — que culminaram em Waterloo. Derrotado, foi enviado para Santa Helena, uma rocha perdida no Atlântico Sul, onde morreu em 1821, prisioneiro das suas escolhas e da sua lenda.

Napoleão foi mais do que um conquistador: foi um arquétipo. Encarnou a promessa e o perigo do homem que se faz a si mesmo, que desafia os deuses e, por isso mesmo, cai. A sua história é um espelho da condição humana, onde o brilho do génio e a sombra do excesso caminham lado a lado.

sexta-feira, 10 de outubro de 2025

YUL BRYNNER

"Agora que estou morto, digo a todos: não fume."

Yul Brynner foi um ator russo-americano de presença magnética e visual inconfundível, célebre pela cabeça raspada e voz grave. Faleceu a 10 de outubro de 1985, tendo deixado uma comovente mensagem com esta frase, gravada após ser diagnosticado com cancro de pulmão.

Nasceu a 11 de julho de 1920 em Vladivostok, Rússia, e teve uma vida marcada por deslocações. Viveu na China, França e Estados Unidos, onde construiu sua carreira artística. Além de ator, foi fotógrafo, escritor e ativista contra o tabagismo.

Começou como acrobata e locutor de rádio, mas foi no teatro que encontrou o seu grande papel: o Rei Mongkut do Sião em The King and I, que interpretou mais de 4.600 vezes ao longo de décadas. A versão cinematográfica de 1956 rendeu-lhe o Oscar de Melhor Ator. Tornou-se símbolo de autoridade e exotismo em Hollywood, atuando em filmes como Os Dez Mandamentos (1956), Anastasia (1956), Salomão e a Rainha de Sabá (1959) e Westworld (1973).

Yul Brynner permanece como uma figura icónica do cinema clássico, cuja vida cruzou continentes, culturas e linguagens. Um verdadeiro cidadão do mundo com uma presença inesquecível. 

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

ANÓNIMO

AMIGOS VERDADEIROS

Os amigos de verdade são pessoas verdadeiras. As pessoas verdadeiras são aquelas que têm defeitos como toda a gente, mas não fingem as qualidades.

Os amigos de verdade são aqueles que nos prestam atenção. Não são aquelas pessoas que nos ouvem só porque esperam a sua vez de falar e porque se querem ouvir. 

Os amigos de verdade escutam-nos. O coração tem o ouvido apurado. 

Os amigos de verdade nunca estão contra nós, mesmo que não concordem connosco. Mesmo que tenham opiniões diferentes das nossas, não mudam de opinião a respeito da amizade que nos têm. Mesmo que não estejam do nosso lado, e se são amigos de verdade às vezes não estão, estão sempre ao nosso lado.

Os amigos de verdade estão sempre presentes, mesmo quando estão longe. Não é a distância que nos afasta de um amigo, é a ausência. A ausência fica sempre muito mais longe. 

Os amigos de verdade interessam-se por nós, mas a sua amizade é totalmente desinteressada. 

Os amigos de verdade não estão na nossa vida para lucrar com ela, mas para lhe acrescentar valor.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

O AMOR TUDO SUPERA


Quando Noah nasceu, os médicos olharam para o seu jovem pai, Ben, e disseram-lhe o impensável:

— Tem síndrome de Down. Não vai conseguir criá-lo. Não vai entender os horários de alimentação. Não saberá como confortar o choro dele. Não será suficiente.

Mas Ben não ouviu. Abraçou o seu recém-nascido, beijou-lhe a testa e sussurrou:

— Posso não saber tudo..., mas eu sei como te amar.

E ele amava-o.

Ben alimentava-o com mãos trémulas, aprendia canções de embalar para cantarolar e balançava-o todas as noites até o sol nascer.

Trabalhava em part-time, dobrando guardanapos num restaurante local, economizando cada centavo para o futuro de Noah.

Claro, houve olhares. Sussurros. Alguns pais perguntavam:

— É ele... O pai?

Ben simplesmente sorria e acenava com orgulho:

— Ele é meu filho. O meu melhor amigo.

Os anos passaram. Noah cresceu. Ben envelheceu.

As estações do ano sucederam-se como páginas num livro silencioso.

Noah tornou-se um homem. Forte. Amável. Bem-sucedido.

As pessoas diziam:

— Você ficou tão bem.

E ele respondia:

— Sim, porque fui criado por alguém que só via o mundo com amor.

Mas o tempo não para. Primeiro foram as chaves. Depois os nomes. E um dia, até o do Noah.

Ben olhou o seu filho nos olhos e perguntou, com voz quebrada:

— Tu és meu amigo?

Noah pegou na sua mão com ternura e disse:

— Eu sou teu filho. Aquele que criaste. Aquele a quem deste tudo.

Agora, é Noah quem o alimenta. Quem o ajuda a andar. Quem canta canções de embalar quando Ben não consegue dormir.

Ele não está só cuidando do pai... Está retribuindo o favor ao homem que o criou...

E quando tiram fotos atualmente, Noah sorri muito.

Porque enquanto o mundo vê um idoso com síndrome de Down e o seu filho adulto...

Ele vê o seu herói.

O seu mestre.

O coração dele. 

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

WALT DISNEY WORLD


Há precisamente 54 anos, em 1 de outubro de 1971, em Orlando, Flórida, EUA, inaugurava-se o Walt Disney World. Embora o projeto tenha sido idealizado por Walt Disney, falecido em 1966, a inauguração foi liderada pelo seu irmão, Roy O. Disney, que fez questão de nomear o parque em sua homenagem.

O complexo abriu com o Magic Kingdom, inspirado no Disneyland da Califórnia, incluindo o icónico Castelo da Cinderela como ponto central. A inauguração contou com desfiles, música e a presença de milhares de visitantes, marcando o início de uma nova era no entretenimento familiar.

Walt Disney imaginou um espaço que fosse mais do que um parque, e se afirmasse como um mundo de fantasia, inovação e hospitalidade. Desde então, o Walt Disney World cresceu para incluir outros parques temáticos (EPCOT, Hollywood Studios, Animal Kingdom), resorts e centros de entretenimento, tornando-se um dos destinos turísticos mais visitados do planeta. 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

MICHELLE BACHELET

Michelle Bachelet, nasceu há 74 anos, a 29 de setembro de 1951, em Santiago do Chile. Médica especializada em pediatria e saúde pública, também estudou defesa nacional e fala fluentemente vários idiomas.

É reconhecida pela sua resiliência, compromisso com os direitos humanos e capacidade de liderança em contextos adversos. A sua história pessoal entrelaça-se com a do Chile moderno, refletindo dor, reconstrução e esperança.

Filha de um general da Força Aérea, que foi preso e morreu sob tortura após o golpe de Pinochet, ela própria foi presa e exilada com a mãe. Quando regressou ao Chile, após o exílio, envolveu-se em causas sociais e políticas, especialmente ligadas à saúde e aos direitos humanos.

Tornou-se a primeira mulher presidente do Chile (2006–2010), colocando o foco em políticas sociais, educação, saúde e igualdade de género. Foi eleita para um segundo mandato (2014–2018), em que promoveu reformas estruturais, como a reforma educacional e tributária, enfrentando desafios políticos e sociais.

A nível internacional foi Diretora Executiva da ONU Mulheres e, mais tarde, Alta-Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos (2018–2022), onde teve papel ativo em crises globais, como as de Myanmar, Venezuela e Ucrânia. 

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

RAMÓN DE CAMPOAMOR Y CAMPOOSORIO

"Torna-se verdade a mentira repetida"

Ramón de Campoamor y Campoosorio foi um poeta, dramaturgo e político espanhol, muito conhecido no século XIX, sobretudo pelo seu estilo acessível e popular. Nascido em 24 de setembro de 1817, em Navia (Astúrias, Espanha), faleceu em Madrid a 11 de fevereiro de 1901.

Ficou célebre sobretudo pela poesia moral e filosófica. A sua marca mais conhecida foram as chamadas “doloras”, pequenos poemas de tom sentencioso, moralista ou filosófico, geralmente em verso curto, com ironia e reflexão sobre a vida. Também escreveu peças de teatro e outros poemas de carácter narrativo e lírico.

Foi filósofo político, chegando a ocupar cargos administrativos em Espanha. Teve uma postura conservadora e monárquica, mas também pragmática no debate político.

Defendia uma poesia mais direta, menos retórica e mais voltada para a reflexão do quotidiano, contrastando com o romantismo exaltado da época. Embora hoje não seja tão lido quanto outros escritores espanhóis do seu tempo, como Bécquer, foi bastante famoso na sua geração e citado em jornais e tertúlias literárias.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

CHARLIE KIRK

Que me perdoem os meus amigos Trumpistas, Netanyahuistas, Bolsonaristas (que tenho dificuldade em compreender), e outros que tais, mas no meio de tantas mortes inocentes, há alguém que morre com justiça, fazendo jus ao provérbio “quem com ferros mata, com ferros morre”. Charlie Kirk, morreu condignamente, com um disparo de alguém que usava um direito que ele defendia: o livre porte de arma.

Não defendo a justiça popular, embora pense que nalguns casos é a maneira mais eficaz de pôr termo a situações que de outra forma morrem sem que seja feita justiça. O assassinato de que foi alvo no passado dia 10 de setembro de 2025, espelha a revolta que ele gerava com as suas ideias e posições.

Estranhei que no dia seguinte a sua mulher aparecesse serena a falar à comunicação social, colocando-se ao lado do defunto marido nos ideais por ele defendidos. A minha incapacidade de a entender advém da forma como ele via as mulheres.

“Anticoncecionais… realmente baralham o cérebro feminino. Cada um de vós precisa garantir que as suas filhas, irmãs ou namoradas não usem anticoncecionais. Isso aumenta a depressão, a ansiedade, os pensamentos suicidas. É o medicamento número um prescrito para jovens abaixo de 25 anos… Isso cria jovens mulheres muito irritadas e amargas.”  Mas as suas posições quanto ao universo feminino, não ficavam por aqui…

“Mulheres no início dos 30 anos já não estão mais no seu auge no mercado de namoro. Os 20 anos são a idade em que elas são mais desejáveis.” E continuava referindo-se ao aborto…

“Permitimos o massacre de um milhão e meio de bebés por ano sob o disfarce da saúde reprodutiva feminina. Dizem que não são humanos, que são descartáveis. Nunca é certo justificar o extermínio em massa de pessoas dizendo que são indesejadas. Foi assim que chegamos a Auschwitz, foi assim que tivemos o maior horror do século XX.”

E sobre as prioridades e virtudes que uma mulher deve ter, inspirando-se na Virgem Maria, propalava o seguinte:

“Elas deveriam querer, antes de tudo, ter filhos, casarem-se, e depois ter um bom emprego… Mas muitas jovens estão invertendo essa ordem, e isso é um problema. Maria é a solução para o feminismo tóxico. As mulheres jovens deveriam inspirar-se nela: piedosa, complacente, reservada nas palavras. Hoje, não falamos o suficiente sobre Maria.”

Estas frases mostram como ele articulava uma visão de papéis femininos tradicionais, forte crítica ao feminismo moderno, defesa do pró-vida absoluto, e até comparações de políticas reprodutivas com tragédias históricas.

Mas as suas ideias obtusas não se resumiam às mulheres. A inconstância das suas posições assume-se na sua máxima expressão na mudança da sua visão sobre Martin Luther King. Até 2020 referia-se a ele como herói dos direitos civis, reconhecendo o papel dele contra a segregação. Passado um ano ainda fazia menções positivas, mas já criticava o uso da sua imagem pela esquerda e pelo movimento “woke”. Em 2023 sugere que o Civil Rights Act de 1964 foi um erro, porque abriu espaço para políticas de diversidade e inclusão que ele rejeita, e em 2024 declara abertamente que Martin Luther King era “terrível” e “não uma boa pessoa”.

 Afirma que o discurso “I Have a Dream” foi “a única coisa boa que ele disse, mas que nem ele acreditava”. Considera que há um “mito exagerado e endeusamento” sobre ele nos EUA, criticando o seu legado dizendo que resultou em “famílias negras destruídas, dependência do governo e más condições urbanas”.

Em relação à imigração Charlie Kirk era radicalmente contra a imigração ilegal e queria reduzir fortemente a imigração legal, defendendo fronteiras fechadas, prioridade para trabalhadores americanos e preservação cultural.

Não existem provas diretas de que Charlie Kirk se identificasse como racista ou promovesse abertamente ideologias racistas clássicas, como a supremacia branca. Porém, as suas afirmações e posições frequentemente aproximavam-se de narrativas usadas por grupos racistas, especialmente sobre imigração e direitos civis. Isso fez com que muitos críticos o classificassem como alguém que normaliza ou legitima ideias raciais excludentes, mesmo que não se assumisse como tal.

Charlie Kirk misturava liberalismo económico clássico (estado mínimo e mercado livre) com conservadorismo cultural (valores tradicionais, nacionalismo e crítica ao progressismo). As suas posições eram socialmente marginadoras, sendo contra a grande parte das pautas do movimento LGBTQIA+, contra o aborto, e a defesa do direito à posse de armas.

Foi precisamente este último direito que defendia que o matou. Uma espécie de justiça divina, perpetrada pela mão do homem. Talvez aqui se possa mesmo dizer que “Deus escreve direito por linhas tortas”!


"O mal que fazemos é o mal que recebemos."

Lao-Tsé (filósofo chinês, considerado o fundador do Taoismo)


sexta-feira, 23 de maio de 2025

VISITA À FAMÍLIA

Chegou o momento de fazer uma pausa. Até ao final de junho a minha atividade neste blogue será menos regular, com alguns apontamentos pontuais. Vou visitar a família e realizar um sonho: Publicar o meu primeiro livro de crónicas.

Através das redes sociais, Linkedin, Facebook e Instagram, manterei os meus companheiros e amigos informados, podendo desde já adiantar que estarei presente na Feira do Livro de Lisboa, no próximo dia 16 de junho, entre as 19h00 e as 19h45, para uma sessão de autógrafos.

Espero ver-vos por lá. Até breve!

quinta-feira, 22 de maio de 2025

SANTA RITA DE CÁSSIA

"Nada é impossível para aquele que tem fé."

Santa Rita de Cássia é conhecida como a Santa das Causas Impossíveis, e a sua vida foi marcada pela sua perseverança, fé e superação. O dia 22 de maio é-lhe dedicado porque marca a data da sua morte, ocorrida na noite entre 21 e 22 de maio de 1447.

Após a sua morte, diversos milagres foram atribuídos à sua intercessão, fortalecendo a sua devoção ao longo dos séculos. A sua celebração a 22 de maio é um momento de reflexão sobre a força da fé diante das adversidades.

A sua canonização ocorreu em 24 de maio de 1900 pelo Papa Leão XIII e, desde então, a sua festa litúrgica é celebrada anualmente a 22 de maio. Em várias cidades ao redor do mundo, especialmente em Itália e no Brasil, essa data é marcada por missas, procissões e bênçãos das rosas, um dos símbolos associados à santa.

terça-feira, 20 de maio de 2025

A TÉCNICA DO SALAME

Uma das atividades que exerço profissionalmente é a formação profissional. Inicialmente, a temática que mais desenvolvi foi associada à área comercial, com principal incidência nas vendas e na negociação. Neste último domínio, evoluí para um âmbito mais amplo, e não estritamente focado nas transações mercantilistas. Em boa verdade, não nos apercebemos da quantidade de negociações que fazemos diariamente, muitas delas dando suporte às decisões que quotidianamente temos necessidade de tomar.

Este preambulo foi apenas para enquadrar o título desta crónica, pois é a denominação de uma estratégia ou técnica negocial. Visualmente, consiste em irmos retirando fatias finíssimas de um salame, de forma que ninguém dê conta que ele vai diminuindo e nós apropriando-nos lentamente do seu todo. Esta técnica é muito usada quando estamos em presença de opositores que têm dificuldade em ceder partes significativas do seu espólio, mas que não são muito observadores e paulatinamente vão vendo o seu património ser reduzido, mas sem se darem conta do que está a acontecer.    

Lembrei-me desta técnica negocial, enquanto refletia sobre a estratégia do Chega nas eleições de domingo. Aqueles que como eu eram adolescentes ou jovens em 1974, quando se deu o 25 de abril, pensam, talvez ingenuamente, que a possibilidade de um partido de extrema-direita governar Portugal é pura ficção. Mas se ainda não tínhamos dado conta de que estávamos enganados, depois do que ontem se passou com os resultados eleitorais das legislativas 2025, não temos mais desculpa para continuarmos a fazer como a avestruz, e metermos a cabeça debaixo da areia.

Em apenas seis anos, o Chega, chegou viu e venceu. Não venceu ainda estas eleições, mas, se não abrirmos os olhos, irá ganhar as próximas eleições. Basta continuarmos a manter a atitude arrogante bem patente em políticos como o Nuno Melo, que julga que está na tropa e pensa que a antiguidade é um posto. Recordo-me de que no debate com o Livre, em que se sentiu ofendido por o Rui Tavares ter indigitado Isabel Mendes Lopes para representar o grupo parlamentar, ter referido que o CDS era um partido que fazia parte da história da democracia portuguesa, com cinquenta anos de existência, enquanto o Livre era apenas um adolescente com dez anos de vida. Pois ao Chega bastou apenas chegar à idade pré-escolar para ser a segunda força política nacional, e conquistar vinte e seis por cento dos lugares na Assembleia da Républica.

Pode ser que o Rui Tavares, que é licenciado em História, estimulado por ter conseguido mais dois deputados do que nas eleições anteriores, comece a realizar uns workshops pós-laborais para os nossos líderes políticos, explicando como a Républica derrotou a Monarquia, a Anarquia se instalou na Républica, o Fascismo limpou a Anarquia, a Democracia venceu o Fascismo, e o Totalitarismo e a Extrema-direita estão a exterminar a Democracia. Seja através dos ideais imperialistas de Putin, do fanatismo de Netanyahu ou da ambição desmedida de Trump, não faltam alertas para que não nos deixemos adormecer, despertando quando já estivermos manietados.  

É preciso oferecer soluções de vida aos eleitores, colocar a causa pública acima dos interesses pessoais, e mostrar maturidade para inspirar confiança. Não chega caluniar um alvo, quando outros mais espertos, nos metem no mesmo saco para apanharmos a boleia daqueles que pretendemos denegrir. Foi o que o Chega fez com o PS, temperando o prato com a exploração de ódios sociais e a fragilidade da saúde, que só não sortiu mais efeito pela irreverência do André Ventura, e de ter tido a sorte de não se cruzar com nenhum cigano no hospital. Sim, porque não existisse esse risco, ele teria recusado o privilégio de tratamento VIP, pois quem é humilde e vive numa casa de 30 m2, não precisa dessas mordomias.

Espero que a AD não se deslumbre, como aconteceu no domingo com o Sebastião Bugalho na CNN. Esquecendo-se como chegou à política, culpou a comunicação social pelo excessivo destaque informativo que deram aos partidos de esquerda. É caso para dizer, que mesmo não tendo tido qualquer efeito eleitoralista, há que manter o discurso do queixoso, pois quem não chora não mama. E mesmo assim, a mama está a acabar, como o André Ventura disse no seu discurso de vitória.

Cuidemos e olhemos pelo nosso salame, senão, um dia destes, quando nos formos servir encontramos apenas o sítio aonde o deixamos.

 

"A negociação bem-sucedida é aquela em que o outro lado cede sem perceber que está cedendo."

Henry Kissinger (diplomata, cientista político e estratega estado-unidense)


segunda-feira, 19 de maio de 2025

ANÍBAL CAVACO SILVA

Completam-se hoje 40 anos, que Cavaco Silva foi eleito líder do Partido Social Democrata (PSD), em 19 de maio de 1985.

Aníbal Cavaco Silva é economista e foi Primeiro-Ministro de Portugal de 1985 a 1995, sendo o primeiro a conquistar uma maioria absoluta sob o sistema constitucional vigente. Posteriormente, foi Presidente da República de 2006 a 2016, sucedendo a Jorge Sampaio e antecedendo Marcelo Rebelo de Sousa. É reconhecido pela sua contribuição para a integração de Portugal na União Europeia e pelas suas políticas económicas que marcaram a sua gestão.

Nascido em Boliqueime, em 15 de julho de 1939, formou-se em Economia e Finanças pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa e posteriormente obteve um doutoramento em Economia Pública pela Universidade de Iorque, no Reino Unido. Antes de ingressar na política, foi professor universitário e investigador na Fundação Calouste Gulbenkian.

Em 1974, aderiu ao Partido Social Democrata (PSD), que na época ainda se chamava Partido Popular Democrático (PPD). Trabalhou no Banco de Portugal e acumulou experiência na área económica antes de assumir cargos políticos de maior relevância.

Foi nomeado Ministro das Finanças em 1980, durante o governo liderado por Francisco Sá Carneiro. Em 1985, tornou-se líder do PSD e venceu as eleições legislativas, assumindo o cargo de Primeiro-Ministro de Portugal. O seu governo foi marcado por uma forte aposta na modernização económica e na integração europeia.

Durante os dez anos que foi Primeiro-Ministro (1985-1995), Portugal passou por um período de crescimento económico significativo, impulsionado por investimentos estruturais e pela entrada do país na União Europeia.

Após um período em que se manteve afastado da política, candidatou-se à Presidência da República e venceu as eleições em 2006. Durante os seus dois mandatos, enfrentou desafios como a crise económica iniciada em 2008, que afetou Portugal profundamente. Apesar de ter sido reeleito em 2011, a sua popularidade foi impactada pelas dificuldades económicas do país.

Em 2015, após as eleições legislativas que resultaram num parlamento fragmentado, convidou Pedro Passos Coelho a formar um governo minoritário, uma decisão que gerou controvérsias e acabou levando a um voto de desconfiança.

Cavaco Silva é recordado pela sua gestão económica, a sua influência na integração europeia e a sua longevidade política. O seu governo como Primeiro-Ministro foi o mais longo desde Salazar, e o mais duradouro entre os líderes eleitos democraticamente em Portugal. O seu estilo de liderança, focado na estabilidade económica e na modernização do país, deixou marcas profundas na política portuguesa. 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

JOSÉ PACHECO PEREIRA

Acho que nunca escrevi um artigo em estado de maior indignação. O que se passa em Gaza e no território da Autoridade Palestiniana convoca não só a política, a geopolítica, as relações de forças entre Estados, o mundo do “Ocidente” e do Oriente, todos os conflitos em curso, o “Sul global”, o papel das Nações Unidas, mesmo o direito internacional, convoca tudo o que quiserem, mas tudo está abaixo de um repto moral, de uma obrigação de falar, de um dever de protestar e atuar perante um massacre cruel, diante dos nossos olhos, de um povo, o palestiniano.

Só conheço uma comparação para esta indiferença, vergonhosa e também, ao mesmo tempo, a mais certeira e, num certo sentido, a mais diabólica: o encolher de ombros de todos os que sabiam que o Holocausto estava em curso –​ e havia muitos altos responsáveis entre os inimigos dos alemães que sabiam – e nada fizeram.

E não me venham com a história do antissemitismo, que é um argumento insultuoso para justificar os crimes de Israel, da mesma natureza que o canto “desde o rio até ao mar” serve para justificar o massacre do Hamas. Estão bem uns para os outros.

Já sabemos que tudo começou com um massacre perpetrado pelo Hamas e que devia ter uma resposta israelita dura, como teve. Mas o que se passa nos dias de hoje é outra coisa, é outro patamar político, racial, nacional, que nada tem a ver com uma resposta com qualquer racionalidade militar para combater o Hamas. É uma política de destruição em massa de um povo e do seu “lugar”, e conheceu mais um agravamento na semana passada, com o anúncio da anexação de mais uma parte do território de Gaza ao Estado de Israel. Trata-se, certamente, de preparar a “Riviera” que um Presidente demente diz querer fazer. Bastava esta declaração de Trump, com a aquiescência cínica e interesseira de Bibi, para nós percebermos o grau de loucura que está à frente da maior potência mundial.

Ah! Sim, muita gente diz-se preocupada todas as vezes que Trump abre a boca, ou move as mãos para fazer aquela assinatura infantil em mais uma ordem executiva à margem da Constituição e dos poderes do Congresso, mas isso não chega. Em particular, não chega para a hipocrisia moral de muitos países da União Europeia, como Portugal, que nem sequer o passo de reconhecer o Estado palestiniano são capazes de dar. É uma atitude quixotesca? Se for levada a sério, com a instalação de embaixadas no novo Estado, a assinatura de acordos económicos, políticos e militares, com um Estado soberano, então a coisa fia mais fino. Acresce que Israel, violando todas as regras do direito internacional, conduzindo um massacre quotidiano, não tem sanções.

No entretanto, todos os dias se mata gente inocente, crianças, mulheres, velhos, sem sequer qualquer racionalidade militar que não seja destruir, matar ou atirar para fora da sua terra milhões de pessoas, para depois terraplanar as ruínas e lá instalar colonos israelitas, os mesmos que andam também a matar palestinianos nas terras da Autoridade Palestiniana, a base eleitoral dos partidos da extrema-direita que estão no governo de Bibi. Quem acredita que o que Bibi quer é dar a Trump os hotéis de luxo e as praias da costa de Gaza para fazer vários Mar-a-Lago, e que alguma vez alguém vai lá por o seu rico dinheiro para fazer uma estância turística, rodeada, por terra, por três muros e um pequeno exército de segurança e, por mar, por patrulhas em lanchas, está tão demente como Trump. Não é o caso de Bibi que quer outras coisas, todas locais, todas no Médio Oriente, todas culminando num ataque ao Irão. Para isso, ele até é capaz de construir a tal Riviera vazia de gente, como as aldeias Potemkin em cartão, deslocadas de quarteirão em quarteirão, para a glória de Trump e depois, conseguindo o que quer, trazer o seu eleitorado de extrema-direita para tomar banho na sua Riviera.

E, já agora, não convinha perguntar, em plenas eleições, algo de verdadeiramente importante ao PS, ao PSD, ao CDS, ao Chega, por aí adiante, se, chegando ao Governo, estão dispostos a reconhecer o Estado palestiniano, estão dispostos a impor sanções a Israel e a usar todos os meios ao dispor de um Estado da União Europeia para punir os criminosos? E, para além disso, o que é que eles acham do que se está a passar com as crueldades de Israel em Gaza?

As respostas seriam até uma razão bem mais sólida e moral para decidir o voto.

In Público, 10/05/2025 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

GUERRA ÁRABE-ISRAELENSE

Porque o homem esquece, mas a história não, não será demais recordar que há precisamente 77 anos, a 15 de maio de 1948, começava a Guerra Árabe-Israelense, logo após a declaração de independência de Israel. 

Os países árabes vizinhos — Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Iraque e Arábia Saudita — rejeitaram a criação do Estado de Israel e lançaram uma ofensiva militar contra o novo país.

O conflito foi um desdobramento da Guerra Civil na Palestina Mandatária (1947-1948), que já havia gerado tensões entre judeus e árabes palestinianos. A guerra resultou na vitória israelense, consolidando o Estado de Israel e alterando significativamente a geopolítica da região. Israel conseguiu expandir o seu território além do que havia sido proposto no Plano de Partilha da ONU, enquanto a Jordânia ocupou a Cisjordânia e o Egito assumiu o controle da Faixa de Gaza.

O conflito terminou oficialmente em 10 de março de 1949, após uma série de acordos de armistício assinados entre Israel e os países árabes envolvidos. Esses acordos consolidaram a vitória israelita e redefiniram as fronteiras da região.

Como principais consequências, destaca-se a expansão territorial de Israel para além das áreas previstas no Plano de Partilha da ONU, conquistando cerca de mais cinquenta por cento de território que seria destinado ao futuro Estado da Palestina.

Este facto juntamente com a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, pela Jordânia e pelo Egito deu lugar à criação do problema dos refugiados palestinianos. Centenas de milhares de palestinianos foram desalojados das suas terras, dando origem à questão dos refugiados, que permanece um dos temas centrais do conflito árabe-israelense. Esta guerra estabeleceu um padrão de hostilidade entre Israel e os países árabes, levando a novos conflitos nas décadas seguintes. 

quarta-feira, 14 de maio de 2025

STEPHEN HAWKING

A inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança."

Stephen Hawking foi um dos mais reconhecidos físicos teóricos e cosmólogos do século XX. Nascido em 8 de janeiro de 1942, em Oxford, Inglaterra, revolucionou a compreensão dos buracos negros e da origem do universo. A sua teoria da radiação de Hawking demonstrou que buracos negros não são completamente "negros", mas emitem partículas subatómicas ao longo do tempo.

Apesar de ter sido diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) aos 21 anos, uma condição que gradualmente o paralisou, Hawking continuou as suas pesquisas e tornou-se um dos cientistas mais influentes da história. Ele ocupou a prestigiosa cadeira de Professor Lucasiano de Matemática na Universidade de Cambridge, a mesma que já foi ocupada por Isaac Newton.

Além das suas contribuições científicas, Hawking também se destacou na divulgação científica. O seu livro Uma Breve História do Tempo vendeu milhões de cópias e ajudou a popularizar conceitos complexos da física para o público geral. Ele faleceu em 14 de março de 2018, deixando um legado imenso para a ciência e para a humanidade. 

DINHEIRO VS CONHECIMENTO!

Texto traduzido de: Olawale Kolawole Muitas pessoas argumentam que um equilíbrio entre dinheiro e conhecimento é fundamental para o suces...