Em 1815, no dia 15 de outubro, Napoleão Bonaparte iniciou oficialmente o seu exílio na ilha de Santa Helena. Esse momento marca o final definitivo da sua influência política e militar na Europa, após a sua derrota em Waterloo.
Nasceu em
1769, na ilha de Córsega, poucos meses após a sua anexação à França. Filho de
uma família da nobreza empobrecida, Napoleão Bonaparte cresceu entre o orgulho
insular e a aspiração continental. Desde cedo, o jovem corso revelou uma
inteligência cortante e uma ambição que não cabia nas fronteiras da sua terra
natal. Aos nove anos, foi enviado para o continente para estudar em escolas
militares, onde o seu sotaque e origem modesta o tornaram alvo de escárnio, mas
também forjaram a couraça de um estratega implacável.
A Revolução
Francesa abriu-lhe as portas da História. Num país em convulsão, Napoleão viu
oportunidade. Ascendeu rapidamente nas fileiras do exército, distinguindo-se
pela ousadia e pelo cálculo. Em 1799, com apenas trinta anos, protagonizou um
golpe de Estado e tornou-se Primeiro Cônsul. Cinco anos depois, coroou-se a si
próprio Imperador dos Franceses, num gesto que dispensava bênçãos alheias. O
poder, acreditava, era seu por direito de génio.
Durante uma
década, a Europa curvou-se à sua passagem. De Austerlitz a Jena, de Wagram a
Moscovo, Napoleão redesenhou mapas e destinos. Mas a sua fome de conquista era
insaciável. Cada vitória alimentava a ilusão de invencibilidade. Cada tratado
era apenas uma pausa antes da próxima campanha. O Império, vasto e glorioso,
começou a ruir sob o peso da sua própria ambição.
A invasão da
Rússia, em 1812, foi o início do fim. O “general inverno” e a resistência russa
dizimaram o seu exército. Seguiram-se derrotas, deserções e traições. Em 1814,
foi exilado para Elba. Retornou em 1815, num último ato de desafio — os Cem
Dias — que culminaram em Waterloo. Derrotado, foi enviado para Santa Helena,
uma rocha perdida no Atlântico Sul, onde morreu em 1821, prisioneiro das suas
escolhas e da sua lenda.
Napoleão foi
mais do que um conquistador: foi um arquétipo. Encarnou a promessa e o perigo
do homem que se faz a si mesmo, que desafia os deuses e, por isso mesmo, cai. A
sua história é um espelho da condição humana, onde o brilho do génio e a sombra
do excesso caminham lado a lado.

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