sexta-feira, 14 de março de 2025

À MULHER DE CÉSAR NÃO BASTA SER SÉRIA, É PRECISO PARECÊ-LO

A expressão "À mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo" tem origem na Antiguidade Romana e está associada a Júlio César, um dos grandes líderes de Roma. Segundo a história, ela foi inspirada num episódio envolvendo Pompeia, segunda esposa do ditador.

Conta-se que durante um festival religioso chamado Bona Dea, que permitia apenas a participação de mulheres, um jovem chamado Clódio disfarçou-se de mulher para se infiltrar na cerimónia e tentar aproximar-se de Pompeia. Quando o disfarce foi descoberto, César divorciou-se de Pompeia, apesar de não haver provas concretas de que ela tivesse colaborado com Clódio. Ao explicar a sua decisão, Júlio César teria afirmado que "À mulher de César não basta ser honesta, é necessário que pareça honesta", reforçando a ideia de que a reputação deveria ser impecável, além da conduta em si.

Desde então, a expressão passou a ser usada para destacar a importância não apenas de ter virtudes, mas também de transmitir uma imagem condizente com elas. É fascinante como uma história tão antiga continua reverberando até aos dias de hoje!

E os últimos dias lembraram bem esta expressão, com a conduta adotada por Luís Montenegro, Primeiro-Ministro demissionário. E a responsabilidade de não parecer sério, embora o possa ser de facto, cabe-lhe inteiramente. Para que melhor se compreenda, transcrevo o que o Professor Rui Pereira escreveu na sua coluna de opinião no Correio da Manhã, no passado sábado 8 de março. O título do artigo “Politiquinha”, diz tudo.

“Luís Montenegro criou uma sociedade por quotas de que eram únicos sócios ele próprio, a mulher e os filhos. A sociedade presta assessoria sobre segurança e responsabilidade empresarial. Eleito líder do PSD, deixou de ser gerente e cedeu a quota à mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos. A cessão é considerada válida pela mais reputada doutrina (Pires de Lima e Antunes Varela), que entende ter sido revogada a proibição de venda entre cônjuges. Ainda que nula, a venda não geraria incompatibilidade, por não ser ilegal um governante deter quotas de sociedades.

O Primeiro-Ministro deu a conhecer proventos, clientes e colaboradores da sociedade. Só haveria acumulação se continuasse a exercer funções. Conflito de interesses existirá se tiver intervindo em decisões que digam respeito à sociedade ou às empresas clientes. Não se percebe que ilícito criminal terá praticado. A corrupção exigiria que as avenças fossem contrapartida de serviços fictícios e favorecimento de empresas. Serão os factos bastantes para fazer cair um Governo empossado há menos de um ano e precipitar eleições de desfecho incerto num quadro de crise global?”

Pois caro Professor Rui Pereira, eu respondo-lhe. NÃO!

Esteve nas mãos de Luís Montenegro evitar tudo isto. Começando por omitir informação, que quando se está exposto publicamente é um erro, prosseguiu com atitude de “donzela ofendida”, necessitando de todo o seu séquito do Governo para o defender, não fosse alguém atacá-lo “à traição”.

Nos últimos dias, tem circulado na net uma foto de Luís Montenegro do tempo em que militou nas classes jovens de futebol do Sporting Clube de Espinho. Aparece equipado com uma camisola em que o patrocinador exibe a sua marca, SOLVERDE. Jocosamente, foi associada a frase “dantes avançado, agora avençado”.

Fui buscar esta imagem para fazer a ponte com a comparação que pretendo realizar com o Cristiano Ronaldo. O que seria deste símbolo da Nação há mais de vinte anos, se se ofendesse com todas as injúrias, cavalas, suspeitas e demais ações tendentes a denegrir a sua imagem? Já teria arrumado as chuteiras há muito tempo… A sua firmeza, até em questões sensíveis como a maternidade do seu filho mais velho, garantem que ele continue sendo um ídolo e um exemplo a seguir.

De futebolista para futebolista, Luís Montenegro podia aprender com o Cristiano Ronaldo, a não esconder o que não deve, e a guardar segredo daquilo que só a ele diz respeito. Mas, quem falta às aulas para jogar golfe (o futebol já lá vai), fica com buracos na matéria.

Julgo que se fosse o Cristiano Ronaldo que estivesse a viver uma situação semelhante mudaria de liga, como aconteceu quando se transferiu do Real de Madrid para a Juventus, depois do fisco espanhol lhe andar à perna. Porém, não me atrevo a dar conselhos aquele que ainda é o nosso Primeiro-Ministro!

Como mensagem final, e após já terem passado mais de dois mil anos sobre a história que deu origem à celebre expressão, quero dizer a todos os políticos portugueses que não se esqueçam que “à mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo”.

 

"A confiança leva anos para ser construída, segundos para ser destruída e uma eternidade para ser reparada."

Ditado popular

 

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