A expressão "À mulher de César não basta ser séria, é preciso parecê-lo" tem origem na Antiguidade Romana e está associada a Júlio César, um dos grandes líderes de Roma. Segundo a história, ela foi inspirada num episódio envolvendo Pompeia, segunda esposa do ditador.
Conta-se que durante um festival religioso chamado Bona Dea,
que permitia apenas a participação de mulheres, um jovem chamado Clódio disfarçou-se
de mulher para se infiltrar na cerimónia e tentar aproximar-se de Pompeia.
Quando o disfarce foi descoberto, César divorciou-se de Pompeia, apesar de não
haver provas concretas de que ela tivesse colaborado com Clódio. Ao explicar a sua
decisão, Júlio César teria afirmado que "À mulher de César não basta ser
honesta, é necessário que pareça honesta", reforçando a ideia de que a
reputação deveria ser impecável, além da conduta em si.
Desde então, a expressão passou a ser usada para destacar a
importância não apenas de ter virtudes, mas também de transmitir uma imagem
condizente com elas. É fascinante como uma história tão antiga continua reverberando
até aos dias de hoje!
E os últimos dias lembraram bem esta expressão, com a
conduta adotada por Luís Montenegro, Primeiro-Ministro demissionário. E a
responsabilidade de não parecer sério, embora o possa ser de facto, cabe-lhe
inteiramente. Para que melhor se compreenda, transcrevo o que o Professor Rui
Pereira escreveu na sua coluna de opinião no Correio da Manhã, no passado
sábado 8 de março. O título do artigo “Politiquinha”, diz tudo.
“Luís Montenegro criou uma sociedade por quotas de que
eram únicos sócios ele próprio, a mulher e os filhos. A sociedade presta
assessoria sobre segurança e responsabilidade empresarial. Eleito líder do PSD,
deixou de ser gerente e cedeu a quota à mulher, com quem é casado em comunhão
de adquiridos. A cessão é considerada válida pela mais reputada doutrina (Pires
de Lima e Antunes Varela), que entende ter sido revogada a proibição de venda
entre cônjuges. Ainda que nula, a venda não geraria incompatibilidade, por não
ser ilegal um governante deter quotas de sociedades.
O Primeiro-Ministro deu a conhecer proventos, clientes e
colaboradores da sociedade. Só haveria acumulação se continuasse a exercer
funções. Conflito de interesses existirá se tiver intervindo em decisões que
digam respeito à sociedade ou às empresas clientes. Não se percebe que ilícito
criminal terá praticado. A corrupção exigiria que as avenças fossem
contrapartida de serviços fictícios e favorecimento de empresas. Serão os
factos bastantes para fazer cair um Governo empossado há menos de um ano e
precipitar eleições de desfecho incerto num quadro de crise global?”
Pois caro Professor Rui Pereira, eu respondo-lhe. NÃO!
Esteve nas mãos de Luís Montenegro evitar tudo isto. Começando
por omitir informação, que quando se está exposto publicamente é um erro,
prosseguiu com atitude de “donzela ofendida”, necessitando de todo o seu
séquito do Governo para o defender, não fosse alguém atacá-lo “à traição”.
Nos últimos dias, tem circulado na net uma foto de Luís
Montenegro do tempo em que militou nas classes jovens de futebol do Sporting
Clube de Espinho. Aparece equipado com uma camisola em que o patrocinador exibe
a sua marca, SOLVERDE. Jocosamente, foi associada a frase “dantes avançado,
agora avençado”.
Fui buscar esta imagem para fazer a ponte com a comparação
que pretendo realizar com o Cristiano Ronaldo. O que seria deste símbolo da
Nação há mais de vinte anos, se se ofendesse com todas as injúrias, cavalas,
suspeitas e demais ações tendentes a denegrir a sua imagem? Já teria arrumado
as chuteiras há muito tempo… A sua firmeza, até em questões sensíveis como a
maternidade do seu filho mais velho, garantem que ele continue sendo um ídolo e
um exemplo a seguir.
De futebolista para futebolista, Luís Montenegro podia
aprender com o Cristiano Ronaldo, a não esconder o que não deve, e a guardar
segredo daquilo que só a ele diz respeito. Mas, quem falta às aulas para jogar
golfe (o futebol já lá vai), fica com buracos na matéria.
Julgo que se fosse o Cristiano Ronaldo que estivesse a viver
uma situação semelhante mudaria de liga, como aconteceu quando se transferiu do
Real de Madrid para a Juventus, depois do fisco espanhol lhe andar à perna.
Porém, não me atrevo a dar conselhos aquele que ainda é o nosso
Primeiro-Ministro!
Como mensagem final, e após já terem passado mais de dois
mil anos sobre a história que deu origem à celebre expressão, quero dizer a
todos os políticos portugueses que não se esqueçam que “à mulher de César não
basta ser séria, é preciso parecê-lo”.
"A confiança
leva anos para ser construída, segundos para ser destruída e uma eternidade
para ser reparada."
Ditado popular
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