segunda-feira, 10 de março de 2025

OTAN PODE DAR LUGAR À OTIA

A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), também conhecida pelo seu acrónimo inglês NATO (North Atlantic Treaty Organization), é uma aliança militar intergovernamental criada em 4 de abril de 1949. Formada inicialmente por doze países, a OTAN foi estabelecida com o objetivo de garantir a segurança coletiva e a cooperação militar entre os seus membros, especialmente durante o contexto da Guerra Fria, em resposta às ameaças do bloco soviético.

Hoje, a OTAN é composta por trinta e um países membros, dois da América do Norte, Estados Unidos e Canadá, e os restantes vinte e nove europeus. A principal diretriz da organização é o princípio da defesa coletiva, consagrado no artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, que afirma que um ataque contra qualquer membro será considerado um ataque contra todos.

Sediada em Bruxelas, na Bélgica, a OTAN para além da defesa militar, promove a cooperação em áreas como o combate ao terrorismo, a segurança cibernética e o apoio em crises humanitárias.

A existência da OTAN tem vindo a ser questionada por vários motivos. Um deles prende-se com a sua expansão incluindo países do Leste Europeu, que tem gerado tensões geopolíticas, dado ser vista como uma provocação à Rússia, o que em parte justifica a invasão da Ucrânia em 2022. Aliás, os russos têm afirmado recorrentemente que só aceitarão qualquer acordo de paz, se o mesmo contemplar o compromisso da Ucrânia não ser admitida como membro da OTAN.

A diversidade existente entre os vários membros, com diferentes prioridades e interesses, tem vindo a dificultar a tomada de decisões unificadas de forma crescente. A partilha de custos tem sido outro fator crítico, pela desigualdade na contribuição financeira entre os membros, com os Estados Unidos frequentemente exigindo uma maior participação dos outros países nesta matéria.

Com a tomada de posse de Donald Trump, a posição americana face aos custos tem vindo a ganhar maior relevância. É um facto que com o fim da União Soviética, muitos são os que têm vindo a questionar se a OTAN ainda se justifica no formato atual, já que foi criada para conter a ameaça soviética. Estes dois aspetos juntos, simultaneamente com a proximidade que Trump e Putin têm vindo a estreitar, conduz a uma grande incógnita sobre o futuro da OTAN.

Por outro lado, esta aproximação nunca vista dos EUA à Rússia tem um objetivo. Travar a constituição de um bloco oriental, tendo como principais forças a China e a Rússia, o que colocaria os americanos numa situação vulnerável se não se mantivessem aliados com a Europa.

Existem alguns sonhadores, que alimentam a tese de que no futuro teremos uma Europa, como uma única nação federal, que integrará também a Rússia. Penso que mais do que um sonho, se trata de um cenário utópico, sem qualquer probabilidade de se tornar real. Se tanto na OTAN, como na União Europeia, assistimos a uma enorme dificuldade de gerar consensos que só se concretizam em situações de crise, pelas divergências entre países já comentadas, imaginemos como aumentaria a entropia com a presença russa.

Aprendi com a experiência que aquilo que julgamos impossível só o é até que se realize. Porém, também aprendi que numa análise estratégica por cenários, poderemos ter uns com 99% e outros com 1% de probabilidades de concretização. E, sinceramente, este de uma Europa unificada com a presença da Rússia não me parece chegar sequer a um por cento.

Neste vaivém de interesses e negociatas, os chineses começam a ver uma Rússia distante e uma Europa sozinha, o que os leva a reconsiderarem as suas alianças. E, embora não seja um provérbio chinês “cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”, os chineses começam a piscar o olho à União Europeia. Se este namoro pegar, e Trump e Putin se continuarem a beijar na boca, como em muitas imagens que circulam nas redes sociais, não será de estranhar um possível noivado entre a Europa e a China.

Se esta minha especulação tiver algum sentido, poderemos vir a ver a OTAN a dar lugar à OTIA (Organização do Tratado Índico Atlântico).

 

"A alavancagem da força está na aliança. Juntos, podemos alcançar mais."

Andrew Carnegie (industrial e filantropo escocês-americano)

2 comentários:

  1. Para já, sem o apoio do amigo americano, temos a Europa a andar "ÓTIO, ÓTIO". Só mais tarde virá a OTIA.
    Abç,
    Celso

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    1. Sem dúvida, os europeus confiaram demais no Tio Sam, e adormeceram!

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