Por vezes tenho muita dificuldade em compreender os meus compatriotas!
Na minha vida profissional constatei muitas vezes que empresários, gestores e diretores, se concentravam no assessório, desprezando o essencial que os conduziria aos resultados desejados e à persecução dos objetivos estabelecidos.
Este fenómeno acontecia por falta de formação,
inexperiência e, frequentemente, por ideias preconcebidas e medo de enfrentar
situações que os levavam para fora da sua zona de conforto.
Nem todos temos responsabilidades de chefia, ou de
liderança, que são coisas distintas, mas todos somos “treinadores de bancada”,
uns mais que os outros. E é aqui que começa a minha incompreensão com alguns,
para não dizer muitos, dos meus concidadãos.
Portugal garantiu no domingo passado, 23 de março de 2025, a
qualificação para a Final Four da Taça das Nações, que se realizará na Alemanha
no início de junho. Objetivo superado, até aqui, com um percalço no primeiro
jogo da eliminatória, em que fomos vencidos na Dinamarca. Mais do que a
derrota, o que desiludiu todos os que assistiram ao jogo foi a apatia coletiva
da equipa e os sucessivos erros individuais que poderiam ter originado um
fracasso bem mais pesado, do que o resultado pela margem mínima com que
terminou o encontro.
Mas, como disse Rui Santos, reconhecido comentador de
futebol, Cristiano Ronaldo não se escondeu. Num momento de maior pressão, que
não ignorou, apresentou-se na conferência de imprensa, na véspera do jogo da
segunda mão, e disponibilizou-se para responder a todas as perguntas.
E deu uma lição de liderança que, sem qualquer dúvida, foi
de enorme utilidade para o jogo que se avizinhava. O reconhecimento de que
Portugal falhou em Copenhaga e o apelo à união para a segunda mão, foram de uma
relevância crucial.
“O que tenho visto nos últimos dias tem sido rostos
cabisbaixos e isso está completamente fora do meu dicionário. Só perdemos a
primeira parte e eu nunca perdi na primeira parte. Amanhã é a segunda parte. Para
mim, as gerações melhores são as que ganham, independentemente de serem de
ouro, prata ou latão. São aquelas que juntam as tropas. Não tenho gostado do
negativismo à volta da Seleção. Se Portugal tiver de ganhar e eu não jogar, eu
assino já por baixo. Eu quero é que Seleção ganhe. Vou defender as cores da
seleção até à morte.”
E a equipa ouviu e assumiu as palavras e o exemplo do seu
líder. Digo equipa, e não grupo, porque são coisas bem diferentes. Talvez
muitos dos detratores da Seleção Nacional nunca tenham feito parte de uma
equipa, e muito menos terão capacidades para a liderar. Para que fique claro, e
numa perspetiva pedagógica para aqueles que não sabem a diferença, um grupo é
simplesmente um conjunto de pessoas reunidas, que podem ou não compartilhar
objetivos em comum. Uma equipa é muito mais do que isso, é formada por pessoas
que trabalham juntas de maneira coordenada para alcançar um objetivo comum.
A seleção portuguesa foi uma verdadeira equipa.
Não jogou bem, teve imensos erros individuais, alguns deles
com influência direta no resultado, outros em que a sorte nos protegeu, mas
soube sempre unir-se e reerguer-se com os que jogaram de início e com os que
foram entrando ao longo do jogo. Ninguém perdeu sozinho na Dinamarca, assim
como ninguém ganhou sozinho em Alvalade. Assim funcionam as equipas vencedoras.
E não há equipas de alto desempenho, como foi a nossa
seleção, sem uma liderança forte. Sim, não me enganei, afirmei alto desempenho
e não “elevada nota artística”. O desempenho mede-se através de resultados e
não pelo virtuosismo da exibição. E liderança forte demonstra-se pela
capacidade do líder assumir responsabilidades e superar os seus erros. Foi isso
que o Cristiano Ronaldo fez, ao assumir a responsabilidade de bater o penalti
no início da segunda partida, e superar o erro de ter falhado na sua marcação e
lutar até ser substituído.
Talvez Portugal pudesse ser maior, não como Trump quer a
América, mas como já foi em muitos feitos notáveis, se não tivesse este grupo
de treinadores de bancada falhados, que preferem denegrir a imagem de um líder
exemplar como é Cristiano Ronaldo, resumindo-o a um velho que só quer bater
recordes e esquecendo-se de tudo o que ele tem dado a este país.
Para terminar, apenas mais uma nota acerca do que todos
podemos aprender com os mais velhos. As civilizações orientais, fomentam a
transmissão de ensinamentos pelos mais velhos, enfatizando o respeito, a
sabedoria acumulada e a continuidade das tradições. A juventude e o
conhecimento de nada servem, sem uma atitude adequada e uma aplicação sábia.
Devíamos seguir o exemplo destas culturas do Oriente.
"O talento ganha jogos, mas o trabalho em equipa e a inteligência ganham campeonatos."
Michael Jordan (basquetebolista norte-americano)
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