Zelensky perguntou a Vance:
— Mas já
esteve alguma vez na Ucrânia?
— Não, mas vi
alguns vídeos.
O mundo
moderno num único diálogo.
Não
precisamos de ver, de sentir, de entender, de ler.
Basta ver uns
vídeos.
Um punhado de
imagens editadas, um algoritmo bem afinado — e pronto: sabemos.
Sabemos mais
ou menos.
Ficamos mais
ou menos com uma ideia.
Somos mais ou
menos humanos.
Mais ou menos
empáticos.
Mais ou menos
pessoas.
A guerra?
Vi uns
vídeos.
A crise
climática?
Vi uns
vídeos.
A economia?
Vi uns
vídeos.
O amor?
Vi uns
vídeos.
O mundo já
não é um lugar de experiência; é um feed infinito de informação
descontextualizada.
Ser curioso é
um esforço desnecessário.
Ser ignorante
é confortável.
O que levas
uma vida a estudar eu resumo num vídeo de três minutos.
O que
sentiste na pele eu consumo com legendas automáticas.
Ver uns
vídeos é a cátedra moderna: a dos charlatães que governam o mundo.
Falam com uma
certeza que não têm.
Confundem
manchetes com sabedoria.
São os que
não duvidam.
Os charlatães
sabem tudo.
Sobre tudo.
Da
geopolítica à neurociência, do mercado financeiro à arte renascentista.
Basta-lhes um
parágrafo do Wikipedia, um vídeo no YouTube, um post no X.
Estão prontos
a discursar, a ensinar, a decidir o destino do mundo.
Parecem
líderes, parecem sábios, parecem preparados.
Porque
parecem, são.
Nós,
anestesiados, aceitamos.
Afinal, também vimos uns vídeos.
Post com a apologia da má-educação, da espontaneidade e do idiota neonazi. O senso comum dos admiradores dos neonazis ucranianos faz pensar que se conhece melhor a realidade se houver contacto empírico direto das aparências. O conhecimento entraria por osmose, diretamente e límpido, sem necessidade de estudo. Mas, na verdade, a ciência mostra que para conhecer um fenómeno há que estudá-lo. Kant mal viajou, mas conheceu mais do que muitos que andaram para um lado e para o outro. Estudar um país é fazer comparações amplas, ver a linha do tempo por décadas ou séculos, ver estatísticas etc. É ir para além da aparência imediata, é ir além da imediatez. Mas o pequeno-burguês acha que o mais importante é o conhecimento empírico direto. Como se não houvesse tanto idiota em Portugal que conhece pessimamente o seu próprio país.
ResponderEliminarCorrigindo:
ResponderEliminarNa net há muitos posts com a apologia da espontaneidade presente na afirmação do idiota neonazi quando perguntou: "mas você já foi à Ucrânia?". O senso comum dos admiradores dos neonazis ucranianos faz pensar que se conhece melhor a realidade se houver contacto empírico direto com as aparências. O conhecimento entraria por osmose, diretamente e límpido, sem necessidade de qualquer estudo. Mas, na verdade, a ciência mostra que para conhecer um fenómeno há que estudá-lo. Kant mal viajou, mas conheceu mais do que muitos que andaram para um lado e para o outro. Estudar um país é fazer comparações amplas, ver a linha do tempo por décadas ou séculos, ver estatísticas etc. É ir para além da aparência imediata, é ir além da imediatez. Mas o pequeno-burguês acha que o mais importante é o conhecimento empírico direto. Como se não houvesse tanto idiota em Portugal que conhece pessimamente o seu próprio país. Já dizia Marx: "se a aparência fenoménica e a essência coincidissem diretamente, toda a ciência seria inútil".
Claro que o contacto direto também conta. Mas não é imprescindível nem é o mais importante. Aliás, esses idiotas nem sequer se apercebem de uma contradição: o epicentro da guerra de que falam encontra-se no Donbass. Quantos jornalistas portugueses estiveram no Donbass? Apenas um, o Bruno Carvalho , que, por acaso, tem um embasamento teórico de suporte mas é censurado por esses mesmos idiotas. Dos jornalistas e comentadores que esses idiotas seguem, o número dos que estiveram no Donbass (de que falam todos os dias) é ZERO.
Um bom princípio para a troca de ideias, e perspetivas diferentes sobre uma mesma realidade, é identificarmo-nos vinculando as nossas opiniões e posições.
EliminarO insulto anónimo não ajuda ao esclarecimento das situações.
Um filósofo é uma pessoa que se dedica ao estudo e à reflexão sobre questões fundamentais relacionadas à existência, ao conhecimento, à moralidade, à verdade, à mente, à sociedade, entre outros temas.
Mas quando falamos de verdade, não nos podemos esquecer que cada um tem a sua verdade, isto é, a sua representação da realidade.