Em finais de novembro de 2024, escrevi uma crónica que intitulei “CHEGA, DE VERGONHA”, em que explicava a razão por que tinha colocado a vírgula no título. As razões por que hoje a coloco são basicamente as mesmas. Isto é, poderia intitulá-la eliminando a virgula, “Chega de corrupção”, ou o mesmo será dizer a corrupção no Chega.
Com efeito neste grupo de indivíduos talhados para a
política, que infelizmente está longe de ser aquilo que o seu significado
pressupõe, não falta nenhuma especialidade nas artes de corromper. Começando
por uma má educação endógena, práticas como roubar, abusar sexualmente de
crianças pagando por esses favores e conduzir com taxas de alcoolémia cinco
vezes superiores ao limite legal, não podem ser consideradas corrupção. São
meros deslizes comportamentais, comuns à maioria dos mortais do eleitorado que
eles representam. Mas não se desiludam que eles prepararam-se bem e, a seu
tempo, vão mostrar o que é corrupção a sério.
Eles não são políticos, embora o pareçam. São outra coisa
muito mais elaborada, permitindo-se igualizar democracia e corrupção, como
evidenciam nos cartazes que semearam recentemente pelo país com a mensagem “50
ANOS DE CORRUPÇÃO – É TEMPO DE DIZER CHEGA”.
Gostava que estes pseudopolíticos lessem o que escrevo sobre
eles, para ver se lhes resta um pingo de vergonha que os faça pensar.
Compreendo que seja difícil, até porque um dos códigos de funcionamento de
qualquer matilha, é seguir o líder. E eles cumprem-no sem hesitações,
mostrando-se um pouco confusos quando ele não está. Veja-se a recente aparição
feita numa comissão parlamentar de inquérito, da qual o comandante não fazia
parte, para segurar na mão da condiscípula, não fosse ela engasgar-se e não
haver ninguém que lhe batesse nas costas!
Como a esperança é a última coisa a morrer, mesmo estando
consciente que estes jograis parlamentares não me leem, pode ser que consiga
esclarecer alguém que perceba que votar neste partido será acabar com cinquenta
anos de democracia, recordando o que a palavra política significa.
A palavra "política" tem origem no grego antigo
"politikḗ" (πολιτική), que significa "os assuntos da
cidade" ou "arte de governar a cidade". Ela deriva de
"pólis" (πόλις), que significa "cidade-estado", e de
"politikós" (πολιτικός), que significa "relativo aos
cidadãos" ou "ao que é público".
Na Grécia Antiga, a pólis era a unidade básica da
organização social e política, e "politikḗ" dizia respeito às
práticas e decisões relacionadas ao bem comum dessa comunidade. Com o tempo, o
conceito evoluiu e passou a abranger o estudo e a prática de governar e
organizar as sociedades de forma mais ampla. Curiosamente, a base desse termo
reflete a preocupação com a vida coletiva e as interações dentro de uma
comunidade organizada.
O nosso país viveu os últimos cinquenta anos numa
democracia, com episódios de corrupção e muita politiquice barata, que
facilmente darão lugar a um novo ciclo de corrupção à séria, sem qualquer
preocupação democrática, e em que a política é apenas uma fachada, se partidos
como o Chega vierem a conquistar mais espaço na cena política portuguesa.
É imperativo que rapidamente tomemos consciência de que
devemos eleger políticos que saibam o que é política, que tenham um verdadeiro
espírito de missão, e que tenham capacidade para gerir recursos em contextos
complexos e mutáveis a qualquer instante. Que disponham de uma personalidade
forte, sejam autoconfiantes, e não se ofendam como uma donzela na idade média
quando por algum motivo duvidam deles. Que tenham consciência que muito mais
importante ser do que parecer, e que estejam disponíveis para servir a
comunidade e não o contrário.
Ao fim e ao cabo, características que não exigem grandes
estudos, pois para a análise de dossiers mais complexos existirão sempre as
comissões técnicas para apoiarem as decisões governativas. Recordemos as que já
existiram para se determinar a localização do novo aeroporto de Lisboa!
Tal como os povos orientais aprenderam a desenvolverem-se
tecnologicamente, copiando e melhorando, até se tornarem líderes nalgumas
tecnologias, aprendamos com os americanos como elegeram um simplório arrogante
e rico para presidente. Sim, sigamos o exemplo, mas copiando e melhorando, até
encontramos um Donald Trump, em bom.
Para terminar uma última mensagem, em forma de cartaz
político: “CHEGA, acabemos com partidos corruptos no nosso parlamento”.
"A corrupção
dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios."
Montesquieu (filósofo,
jurista e escritor francês do século XVIII)
Os políticos em cena são hoje meros arrivistas, só lhes interessa enriquecer seja a que custo seja, uns medíocres.
ResponderEliminarSem dúvida! Obrigado pelo seu comentário.
EliminarSubscrevo o texto!
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