Dez dias após as eleições americanas de 2024 para eleger o novo presidente, que sufragaram Donald Trump como sucessor de Joe Biden, assistimos às surpreendentes nomeações para a nova administração.
Não sendo uma surpresa, dado o seu envolvimento em toda a
campanha eleitoral do novo presidente, Elon Musk, fundador, CEO e
engenheiro-chefe de várias empresas de destaque, incluindo Tesla, SpaceX,
Neuralink e The Boring Company, foi nomeado para o cargo de copresidente do
Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Esse departamento tem como
objetivo principal reduzir a burocracia governamental, cortar gastos
desnecessários e reestruturar agências federais. Irá trabalhar ao lado de Vivek
Ramaswamy para implementar essas mudanças e trazer uma abordagem mais eficiente
e empresarial para o governo.
Vivek Ramaswamy é um empresário e autor americano de origem
indiana. Ele é conhecido por ser o fundador da Roivant Sciences, uma empresa de
biotecnologia que se concentra em desenvolver novos medicamentos através de
parcerias com outras empresas e instituições de pesquisa. Além disso, Vivek é
autor do livro "Woke, Inc.: Inside Corporate America's Social Justice
Scam", onde ele critica a cultura de "woke" dentro das empresas
americanas.
A cultura "woke" é um movimento social que surgiu
nos Estados Unidos e ganhou força globalmente. O termo "woke"
significa literalmente "acordado" e, metaforicamente, refere-se a
estar ciente e consciente das injustiças sociais, especialmente aquelas
relacionadas à raça, género e identidade de género.
Esta filosofia envolve a conscientização e a luta contra a
discriminação e a desigualdade, promovendo a inclusão e a justiça social. Ela
abrange uma ampla gama de questões, incluindo racismo, sexismo, homofobia,
transfobia e outras formas de opressão.
É também frequentemente associada ao ativismo e à defesa dos
direitos civis, com muitas pessoas e organizações usando as suas plataformas
para chamar a atenção para essas questões e promover mudanças.
Hoje, Elon Musk anunciou medidas de recrutamento para o
Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Está procurando
"sobredotados", com um QI elevado, dispostos a trabalhar mais de 80
horas por semana para ajudar a reduzir custos e cortar gastos desnecessários no
governo federal. Ele mencionou que apenas 1% dos melhores currículos enviados
serão analisados, e que o trabalho será tedioso e sem salário.
Sem dúvida que o mundo está a mudar! Mas qual será a
motivação de uma pessoa para aceitar uma ocupação deste tipo? Sim, tive de
buscar a palavra que melhor traduzisse o que está em jogo, pois julgo estarem
desadequadas designações como trabalho, ou emprego.
Traduzindo, em termos operacionais, o que significam mais de
oitenta horas numa semana, poderemos dizer que é metade do tempo total
disponível. Uma semana de sete dias, passo a redundância, tem cento e sessenta
e oito horas, pelo que se forem ocupadas cinquenta por cento a “trabalhar”,
todos os dias sem folgas, sobrarão, diariamente, doze horas para todo o
resto.
Continuando a distribuir o tempo livre, se forem dedicadas
oito horas para dormir, ficarão quatro horas para alimentação, higiene pessoal,
e demais atividades essenciais a uma vida (humana), que garantam a manutenção
existencial.
Quando cedemos à tentação de governar uma nação do mesmo
modo que gerimos uma empresa, ou gostaríamos de gerir, corremos o risco de
entrar num processo de autodestruição por falta de equilíbrio.
Com a globalização e o desenvolvimento tecnológico, o
conhecimento e a informação democratizaram-se, passando a estar acessíveis com
um simples clique. Como consequência, passamos a ter uma população mais
informada e exigente, produtos e serviços cada vez mais semelhantes, preços
concertados ou com variações mínimas, em que o atendimento personalizado faz a
diferença. O mesmo é dizer, que o investimento em capital humano se tornou
essencial, como forma de diferenciação.
Há muitos anos que trabalho na área do desenvolvimento de
pessoas, e acredito que só conseguimos ter um rendimento de alto nível, se
proporcionarmos bem-estar e equilíbrio entre vida profissional e pessoal aos
colaboradores.
Será que no futuro teremos de optar entre comer ou dormir,
para termos tempo para trabalhar?
"Você
não pode fazer um bom trabalho se o seu trabalho é tudo o que você faz."
Marc Andreessen (empresário e investidor americano)

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