sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

TENS DE DEIXAR DE DORMIR PARA COMERES

Dez dias após as eleições americanas de 2024 para eleger o novo presidente, que sufragaram Donald Trump como sucessor de Joe Biden, assistimos às surpreendentes nomeações para a nova administração.

Não sendo uma surpresa, dado o seu envolvimento em toda a campanha eleitoral do novo presidente, Elon Musk, fundador, CEO e engenheiro-chefe de várias empresas de destaque, incluindo Tesla, SpaceX, Neuralink e The Boring Company, foi nomeado para o cargo de copresidente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Esse departamento tem como objetivo principal reduzir a burocracia governamental, cortar gastos desnecessários e reestruturar agências federais. Irá trabalhar ao lado de Vivek Ramaswamy para implementar essas mudanças e trazer uma abordagem mais eficiente e empresarial para o governo. 

Vivek Ramaswamy é um empresário e autor americano de origem indiana. Ele é conhecido por ser o fundador da Roivant Sciences, uma empresa de biotecnologia que se concentra em desenvolver novos medicamentos através de parcerias com outras empresas e instituições de pesquisa. Além disso, Vivek é autor do livro "Woke, Inc.: Inside Corporate America's Social Justice Scam", onde ele critica a cultura de "woke" dentro das empresas americanas.

A cultura "woke" é um movimento social que surgiu nos Estados Unidos e ganhou força globalmente. O termo "woke" significa literalmente "acordado" e, metaforicamente, refere-se a estar ciente e consciente das injustiças sociais, especialmente aquelas relacionadas à raça, género e identidade de género.

Esta filosofia envolve a conscientização e a luta contra a discriminação e a desigualdade, promovendo a inclusão e a justiça social. Ela abrange uma ampla gama de questões, incluindo racismo, sexismo, homofobia, transfobia e outras formas de opressão.

É também frequentemente associada ao ativismo e à defesa dos direitos civis, com muitas pessoas e organizações usando as suas plataformas para chamar a atenção para essas questões e promover mudanças.

Hoje, Elon Musk anunciou medidas de recrutamento para o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE). Está procurando "sobredotados", com um QI elevado, dispostos a trabalhar mais de 80 horas por semana para ajudar a reduzir custos e cortar gastos desnecessários no governo federal. Ele mencionou que apenas 1% dos melhores currículos enviados serão analisados, e que o trabalho será tedioso e sem salário.

Sem dúvida que o mundo está a mudar! Mas qual será a motivação de uma pessoa para aceitar uma ocupação deste tipo? Sim, tive de buscar a palavra que melhor traduzisse o que está em jogo, pois julgo estarem desadequadas designações como trabalho, ou emprego.

Traduzindo, em termos operacionais, o que significam mais de oitenta horas numa semana, poderemos dizer que é metade do tempo total disponível. Uma semana de sete dias, passo a redundância, tem cento e sessenta e oito horas, pelo que se forem ocupadas cinquenta por cento a “trabalhar”, todos os dias sem folgas, sobrarão, diariamente, doze horas para todo o resto. 

Continuando a distribuir o tempo livre, se forem dedicadas oito horas para dormir, ficarão quatro horas para alimentação, higiene pessoal, e demais atividades essenciais a uma vida (humana), que garantam a manutenção existencial.

Quando cedemos à tentação de governar uma nação do mesmo modo que gerimos uma empresa, ou gostaríamos de gerir, corremos o risco de entrar num processo de autodestruição por falta de equilíbrio.

Com a globalização e o desenvolvimento tecnológico, o conhecimento e a informação democratizaram-se, passando a estar acessíveis com um simples clique. Como consequência, passamos a ter uma população mais informada e exigente, produtos e serviços cada vez mais semelhantes, preços concertados ou com variações mínimas, em que o atendimento personalizado faz a diferença. O mesmo é dizer, que o investimento em capital humano se tornou essencial, como forma de diferenciação.

Há muitos anos que trabalho na área do desenvolvimento de pessoas, e acredito que só conseguimos ter um rendimento de alto nível, se proporcionarmos bem-estar e equilíbrio entre vida profissional e pessoal aos colaboradores.

Será que no futuro teremos de optar entre comer ou dormir, para termos tempo para trabalhar?

 

"Você não pode fazer um bom trabalho se o seu trabalho é tudo o que você faz."

Marc Andreessen (empresário e investidor americano)


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