sexta-feira, 23 de maio de 2025

VISITA À FAMÍLIA

Chegou o momento de fazer uma pausa. Até ao final de junho a minha atividade neste blogue será menos regular, com alguns apontamentos pontuais. Vou visitar a família e realizar um sonho: Publicar o meu primeiro livro de crónicas.

Através das redes sociais, Linkedin, Facebook e Instagram, manterei os meus companheiros e amigos informados, podendo desde já adiantar que estarei presente na Feira do Livro de Lisboa, no próximo dia 16 de junho, entre as 19h00 e as 19h45, para uma sessão de autógrafos.

Espero ver-vos por lá. Até breve!

quinta-feira, 22 de maio de 2025

SANTA RITA DE CÁSSIA

"Nada é impossível para aquele que tem fé."

Santa Rita de Cássia é conhecida como a Santa das Causas Impossíveis, e a sua vida foi marcada pela sua perseverança, fé e superação. O dia 22 de maio é-lhe dedicado porque marca a data da sua morte, ocorrida na noite entre 21 e 22 de maio de 1447.

Após a sua morte, diversos milagres foram atribuídos à sua intercessão, fortalecendo a sua devoção ao longo dos séculos. A sua celebração a 22 de maio é um momento de reflexão sobre a força da fé diante das adversidades.

A sua canonização ocorreu em 24 de maio de 1900 pelo Papa Leão XIII e, desde então, a sua festa litúrgica é celebrada anualmente a 22 de maio. Em várias cidades ao redor do mundo, especialmente em Itália e no Brasil, essa data é marcada por missas, procissões e bênçãos das rosas, um dos símbolos associados à santa.

terça-feira, 20 de maio de 2025

A TÉCNICA DO SALAME

Uma das atividades que exerço profissionalmente é a formação profissional. Inicialmente, a temática que mais desenvolvi foi associada à área comercial, com principal incidência nas vendas e na negociação. Neste último domínio, evoluí para um âmbito mais amplo, e não estritamente focado nas transações mercantilistas. Em boa verdade, não nos apercebemos da quantidade de negociações que fazemos diariamente, muitas delas dando suporte às decisões que quotidianamente temos necessidade de tomar.

Este preambulo foi apenas para enquadrar o título desta crónica, pois é a denominação de uma estratégia ou técnica negocial. Visualmente, consiste em irmos retirando fatias finíssimas de um salame, de forma que ninguém dê conta que ele vai diminuindo e nós apropriando-nos lentamente do seu todo. Esta técnica é muito usada quando estamos em presença de opositores que têm dificuldade em ceder partes significativas do seu espólio, mas que não são muito observadores e paulatinamente vão vendo o seu património ser reduzido, mas sem se darem conta do que está a acontecer.    

Lembrei-me desta técnica negocial, enquanto refletia sobre a estratégia do Chega nas eleições de domingo. Aqueles que como eu eram adolescentes ou jovens em 1974, quando se deu o 25 de abril, pensam, talvez ingenuamente, que a possibilidade de um partido de extrema-direita governar Portugal é pura ficção. Mas se ainda não tínhamos dado conta de que estávamos enganados, depois do que ontem se passou com os resultados eleitorais das legislativas 2025, não temos mais desculpa para continuarmos a fazer como a avestruz, e metermos a cabeça debaixo da areia.

Em apenas seis anos, o Chega, chegou viu e venceu. Não venceu ainda estas eleições, mas, se não abrirmos os olhos, irá ganhar as próximas eleições. Basta continuarmos a manter a atitude arrogante bem patente em políticos como o Nuno Melo, que julga que está na tropa e pensa que a antiguidade é um posto. Recordo-me de que no debate com o Livre, em que se sentiu ofendido por o Rui Tavares ter indigitado Isabel Mendes Lopes para representar o grupo parlamentar, ter referido que o CDS era um partido que fazia parte da história da democracia portuguesa, com cinquenta anos de existência, enquanto o Livre era apenas um adolescente com dez anos de vida. Pois ao Chega bastou apenas chegar à idade pré-escolar para ser a segunda força política nacional, e conquistar vinte e seis por cento dos lugares na Assembleia da Républica.

Pode ser que o Rui Tavares, que é licenciado em História, estimulado por ter conseguido mais dois deputados do que nas eleições anteriores, comece a realizar uns workshops pós-laborais para os nossos líderes políticos, explicando como a Républica derrotou a Monarquia, a Anarquia se instalou na Républica, o Fascismo limpou a Anarquia, a Democracia venceu o Fascismo, e o Totalitarismo e a Extrema-direita estão a exterminar a Democracia. Seja através dos ideais imperialistas de Putin, do fanatismo de Netanyahu ou da ambição desmedida de Trump, não faltam alertas para que não nos deixemos adormecer, despertando quando já estivermos manietados.  

É preciso oferecer soluções de vida aos eleitores, colocar a causa pública acima dos interesses pessoais, e mostrar maturidade para inspirar confiança. Não chega caluniar um alvo, quando outros mais espertos, nos metem no mesmo saco para apanharmos a boleia daqueles que pretendemos denegrir. Foi o que o Chega fez com o PS, temperando o prato com a exploração de ódios sociais e a fragilidade da saúde, que só não sortiu mais efeito pela irreverência do André Ventura, e de ter tido a sorte de não se cruzar com nenhum cigano no hospital. Sim, porque não existisse esse risco, ele teria recusado o privilégio de tratamento VIP, pois quem é humilde e vive numa casa de 30 m2, não precisa dessas mordomias.

Espero que a AD não se deslumbre, como aconteceu no domingo com o Sebastião Bugalho na CNN. Esquecendo-se como chegou à política, culpou a comunicação social pelo excessivo destaque informativo que deram aos partidos de esquerda. É caso para dizer, que mesmo não tendo tido qualquer efeito eleitoralista, há que manter o discurso do queixoso, pois quem não chora não mama. E mesmo assim, a mama está a acabar, como o André Ventura disse no seu discurso de vitória.

Cuidemos e olhemos pelo nosso salame, senão, um dia destes, quando nos formos servir encontramos apenas o sítio aonde o deixamos.

 

"A negociação bem-sucedida é aquela em que o outro lado cede sem perceber que está cedendo."

Henry Kissinger (diplomata, cientista político e estratega estado-unidense)


segunda-feira, 19 de maio de 2025

ANÍBAL CAVACO SILVA

Completam-se hoje 40 anos, que Cavaco Silva foi eleito líder do Partido Social Democrata (PSD), em 19 de maio de 1985.

Aníbal Cavaco Silva é economista e foi Primeiro-Ministro de Portugal de 1985 a 1995, sendo o primeiro a conquistar uma maioria absoluta sob o sistema constitucional vigente. Posteriormente, foi Presidente da República de 2006 a 2016, sucedendo a Jorge Sampaio e antecedendo Marcelo Rebelo de Sousa. É reconhecido pela sua contribuição para a integração de Portugal na União Europeia e pelas suas políticas económicas que marcaram a sua gestão.

Nascido em Boliqueime, em 15 de julho de 1939, formou-se em Economia e Finanças pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa e posteriormente obteve um doutoramento em Economia Pública pela Universidade de Iorque, no Reino Unido. Antes de ingressar na política, foi professor universitário e investigador na Fundação Calouste Gulbenkian.

Em 1974, aderiu ao Partido Social Democrata (PSD), que na época ainda se chamava Partido Popular Democrático (PPD). Trabalhou no Banco de Portugal e acumulou experiência na área económica antes de assumir cargos políticos de maior relevância.

Foi nomeado Ministro das Finanças em 1980, durante o governo liderado por Francisco Sá Carneiro. Em 1985, tornou-se líder do PSD e venceu as eleições legislativas, assumindo o cargo de Primeiro-Ministro de Portugal. O seu governo foi marcado por uma forte aposta na modernização económica e na integração europeia.

Durante os dez anos que foi Primeiro-Ministro (1985-1995), Portugal passou por um período de crescimento económico significativo, impulsionado por investimentos estruturais e pela entrada do país na União Europeia.

Após um período em que se manteve afastado da política, candidatou-se à Presidência da República e venceu as eleições em 2006. Durante os seus dois mandatos, enfrentou desafios como a crise económica iniciada em 2008, que afetou Portugal profundamente. Apesar de ter sido reeleito em 2011, a sua popularidade foi impactada pelas dificuldades económicas do país.

Em 2015, após as eleições legislativas que resultaram num parlamento fragmentado, convidou Pedro Passos Coelho a formar um governo minoritário, uma decisão que gerou controvérsias e acabou levando a um voto de desconfiança.

Cavaco Silva é recordado pela sua gestão económica, a sua influência na integração europeia e a sua longevidade política. O seu governo como Primeiro-Ministro foi o mais longo desde Salazar, e o mais duradouro entre os líderes eleitos democraticamente em Portugal. O seu estilo de liderança, focado na estabilidade económica e na modernização do país, deixou marcas profundas na política portuguesa. 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

JOSÉ PACHECO PEREIRA

Acho que nunca escrevi um artigo em estado de maior indignação. O que se passa em Gaza e no território da Autoridade Palestiniana convoca não só a política, a geopolítica, as relações de forças entre Estados, o mundo do “Ocidente” e do Oriente, todos os conflitos em curso, o “Sul global”, o papel das Nações Unidas, mesmo o direito internacional, convoca tudo o que quiserem, mas tudo está abaixo de um repto moral, de uma obrigação de falar, de um dever de protestar e atuar perante um massacre cruel, diante dos nossos olhos, de um povo, o palestiniano.

Só conheço uma comparação para esta indiferença, vergonhosa e também, ao mesmo tempo, a mais certeira e, num certo sentido, a mais diabólica: o encolher de ombros de todos os que sabiam que o Holocausto estava em curso –​ e havia muitos altos responsáveis entre os inimigos dos alemães que sabiam – e nada fizeram.

E não me venham com a história do antissemitismo, que é um argumento insultuoso para justificar os crimes de Israel, da mesma natureza que o canto “desde o rio até ao mar” serve para justificar o massacre do Hamas. Estão bem uns para os outros.

Já sabemos que tudo começou com um massacre perpetrado pelo Hamas e que devia ter uma resposta israelita dura, como teve. Mas o que se passa nos dias de hoje é outra coisa, é outro patamar político, racial, nacional, que nada tem a ver com uma resposta com qualquer racionalidade militar para combater o Hamas. É uma política de destruição em massa de um povo e do seu “lugar”, e conheceu mais um agravamento na semana passada, com o anúncio da anexação de mais uma parte do território de Gaza ao Estado de Israel. Trata-se, certamente, de preparar a “Riviera” que um Presidente demente diz querer fazer. Bastava esta declaração de Trump, com a aquiescência cínica e interesseira de Bibi, para nós percebermos o grau de loucura que está à frente da maior potência mundial.

Ah! Sim, muita gente diz-se preocupada todas as vezes que Trump abre a boca, ou move as mãos para fazer aquela assinatura infantil em mais uma ordem executiva à margem da Constituição e dos poderes do Congresso, mas isso não chega. Em particular, não chega para a hipocrisia moral de muitos países da União Europeia, como Portugal, que nem sequer o passo de reconhecer o Estado palestiniano são capazes de dar. É uma atitude quixotesca? Se for levada a sério, com a instalação de embaixadas no novo Estado, a assinatura de acordos económicos, políticos e militares, com um Estado soberano, então a coisa fia mais fino. Acresce que Israel, violando todas as regras do direito internacional, conduzindo um massacre quotidiano, não tem sanções.

No entretanto, todos os dias se mata gente inocente, crianças, mulheres, velhos, sem sequer qualquer racionalidade militar que não seja destruir, matar ou atirar para fora da sua terra milhões de pessoas, para depois terraplanar as ruínas e lá instalar colonos israelitas, os mesmos que andam também a matar palestinianos nas terras da Autoridade Palestiniana, a base eleitoral dos partidos da extrema-direita que estão no governo de Bibi. Quem acredita que o que Bibi quer é dar a Trump os hotéis de luxo e as praias da costa de Gaza para fazer vários Mar-a-Lago, e que alguma vez alguém vai lá por o seu rico dinheiro para fazer uma estância turística, rodeada, por terra, por três muros e um pequeno exército de segurança e, por mar, por patrulhas em lanchas, está tão demente como Trump. Não é o caso de Bibi que quer outras coisas, todas locais, todas no Médio Oriente, todas culminando num ataque ao Irão. Para isso, ele até é capaz de construir a tal Riviera vazia de gente, como as aldeias Potemkin em cartão, deslocadas de quarteirão em quarteirão, para a glória de Trump e depois, conseguindo o que quer, trazer o seu eleitorado de extrema-direita para tomar banho na sua Riviera.

E, já agora, não convinha perguntar, em plenas eleições, algo de verdadeiramente importante ao PS, ao PSD, ao CDS, ao Chega, por aí adiante, se, chegando ao Governo, estão dispostos a reconhecer o Estado palestiniano, estão dispostos a impor sanções a Israel e a usar todos os meios ao dispor de um Estado da União Europeia para punir os criminosos? E, para além disso, o que é que eles acham do que se está a passar com as crueldades de Israel em Gaza?

As respostas seriam até uma razão bem mais sólida e moral para decidir o voto.

In Público, 10/05/2025 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

GUERRA ÁRABE-ISRAELENSE

Porque o homem esquece, mas a história não, não será demais recordar que há precisamente 77 anos, a 15 de maio de 1948, começava a Guerra Árabe-Israelense, logo após a declaração de independência de Israel. 

Os países árabes vizinhos — Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Iraque e Arábia Saudita — rejeitaram a criação do Estado de Israel e lançaram uma ofensiva militar contra o novo país.

O conflito foi um desdobramento da Guerra Civil na Palestina Mandatária (1947-1948), que já havia gerado tensões entre judeus e árabes palestinianos. A guerra resultou na vitória israelense, consolidando o Estado de Israel e alterando significativamente a geopolítica da região. Israel conseguiu expandir o seu território além do que havia sido proposto no Plano de Partilha da ONU, enquanto a Jordânia ocupou a Cisjordânia e o Egito assumiu o controle da Faixa de Gaza.

O conflito terminou oficialmente em 10 de março de 1949, após uma série de acordos de armistício assinados entre Israel e os países árabes envolvidos. Esses acordos consolidaram a vitória israelita e redefiniram as fronteiras da região.

Como principais consequências, destaca-se a expansão territorial de Israel para além das áreas previstas no Plano de Partilha da ONU, conquistando cerca de mais cinquenta por cento de território que seria destinado ao futuro Estado da Palestina.

Este facto juntamente com a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, pela Jordânia e pelo Egito deu lugar à criação do problema dos refugiados palestinianos. Centenas de milhares de palestinianos foram desalojados das suas terras, dando origem à questão dos refugiados, que permanece um dos temas centrais do conflito árabe-israelense. Esta guerra estabeleceu um padrão de hostilidade entre Israel e os países árabes, levando a novos conflitos nas décadas seguintes. 

quarta-feira, 14 de maio de 2025

STEPHEN HAWKING

A inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança."

Stephen Hawking foi um dos mais reconhecidos físicos teóricos e cosmólogos do século XX. Nascido em 8 de janeiro de 1942, em Oxford, Inglaterra, revolucionou a compreensão dos buracos negros e da origem do universo. A sua teoria da radiação de Hawking demonstrou que buracos negros não são completamente "negros", mas emitem partículas subatómicas ao longo do tempo.

Apesar de ter sido diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) aos 21 anos, uma condição que gradualmente o paralisou, Hawking continuou as suas pesquisas e tornou-se um dos cientistas mais influentes da história. Ele ocupou a prestigiosa cadeira de Professor Lucasiano de Matemática na Universidade de Cambridge, a mesma que já foi ocupada por Isaac Newton.

Além das suas contribuições científicas, Hawking também se destacou na divulgação científica. O seu livro Uma Breve História do Tempo vendeu milhões de cópias e ajudou a popularizar conceitos complexos da física para o público geral. Ele faleceu em 14 de março de 2018, deixando um legado imenso para a ciência e para a humanidade. 

segunda-feira, 12 de maio de 2025

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS

Esta expressão popular, "Os últimos serão os primeiros" tem origem bíblica e aparece em diversos trechos do Novo Testamento, refletindo um princípio espiritual ensinado por Jesus, e enfatizando que no Reino de Deus a lógica humana de mérito e posição social não se aplica.

Um dos contextos em que essa frase aparece é na Parábola dos Trabalhadores da Vinha (Mateus 20:1-15), onde um proprietário contrata trabalhadores ao longo do dia e, no final, paga a todos o mesmo valor, independentemente do tempo trabalhado, gerando insatisfação entre os primeiros contratados. Jesus usou essa história para ilustrar a graça divina, que não se baseia em esforço humano, mas na generosidade de Deus.

Além do contexto religioso, a expressão também é usada de forma figurada para indicar que aqueles que inicialmente parecem estar em desvantagem podem, no final, alcançar posições de destaque. Por exemplo, na filosofia essa ideia pode ser relacionada com o conceito de justiça reversa ou compensação moral, onde aqueles que foram negligenciados ou injustiçados podem, em algum momento, alcançar reconhecimento. Esse pensamento está presente em diversas reflexões sobre mérito e destino, em obras de pensadores como Pascal e Nietzsche.

Ao longo da história, muitos indivíduos começaram como "últimos" e acabaram tornando-se figuras essenciais. Um bom exemplo é Abraham Lincoln, que teve uma infância humilde antes de se tornar presidente dos EUA. Outro exemplo é Joana d’Arc, que passou de uma simples camponesa a líder militar e símbolo nacional.

A expressão também pode ser interpretada no contexto do esforço humano e da resiliência. Pessoas que enfrentam dificuldades podem desenvolver habilidades e força que as impulsionam além daqueles que começaram com vantagens. Essa visão é frequentemente explorada em histórias de superação. Muitos filmes, livros e histórias usam essa ideia como tema central. Narrativas de personagens que começam como desfavorecidos, mas superam obstáculos para se tornarem protagonistas, são comuns na literatura e no cinema, como nas histórias d’O Conde de Monte Cristo ou do Rocky.

Mas a prosa já vai longa e ainda não expliquei porque é que esta expressão me veio à mente. Ocorreu-me por contraposição do significado da mesma, quando refletia acerca das sondagens que têm sido tornadas públicas, sobre as eleições legislativas antecipadas que decorrerão no próximo domingo em Portugal, dia 18 de maio de 2025. Penso que neste caso, dos partidos atualmente com assento parlamentar, os últimos serão mesmo os últimos.

Refiro-me ao PAN e à sua ideia peregrina de estabelecer uma rede pública de serviços médico-veterinários (SNS Animal), através da criação ou construção de Hospitais Veterinários Públicos. Quem me conhece bem sabe da relação que tenho com os animais de estimação, tendo atualmente um companheiro peludo, o Spock, um felino gato africano, preto e branco, muito meigo e brincalhão. Porém, parece-me não ser uma prioridade, até porque não entendo muito bem como se faria o recenseamento animal.

Não imagino que um partido que defende também o direito de voto aos 16 anos, pense numa medida destas apenas para animais adotados, cujos donos possam realizar o registo dos seus bichanos no SNS Animal. Então o que seria de todos os restantes animais “livres”, ditos vadios, que deambulam pelos bairros das nossas povoações? Ganhariam o estatuto de “sem abrigo animal”, ou de “imigrantes animais ilegais”, com a possibilidade de serem deportados para a Animalândia, um país imaginário e distante, com uma realidade urbana distópica aonde se comeriam uns aos outros?

Sei que chegados a este ponto poderei estar a ser insultado, no mínimo, como idiota, expressão que virou a insulto nos Big Brothers, e no uso quotidiano, sendo empregado de forma pejorativa para indicar alguém tolo, imprudente ou que age sem reflexão, esquecendo-se, no tempo, a sua origem no grego idiṓtēs, que se referia a um indivíduo que não participava da vida pública, ou seja, alguém afastado das questões sociais e políticas.

Mas deixemos as questões etimológicas, para irmos até outro partido político, que garantidamente não ficará em último, mas também não será primeiro. Refiro-me ao Chega, e aos afrontamentos, que ainda não chegaram a enfrentamentos, com a comunidade cigana nos locais por onde tem passado a caravana em campanha eleitoral. Sem retirar algum detalhe em que André Ventura possa ter alguma razão fundamentada, será que os benefícios que ele aponta em que esta comunidade é favorecida, são exclusivos deste grupo? Não será mesmo uma atitude racista e de perseguição? Bem sei que um partido que defende uma democracia ampla, em que todos paguem, mesmo que não utilizem, como é o caso da medida de abolição das portagens, não pode ser considerado segregacionista e discriminador. Sim, agora assumo que estou a ser irónico, propositadamente.

A escolha que nós, portugueses, temos de fazer no próximo domingo é difícil. Para além destes dois partidos de que falei, temos dois que apenas defendem uma pequena parcela dos trabalhadores que compõem o eleitorado nacional, cerca de um décimo. Refiro-me ao BE e à CDU. Outros dois partidos, o Livre e a IL, pretendem aportar novas ideias, mas sem provas dadas sobre a sua governabilidade. Restam-nos os dois maiores. Um que se gaba de ter posto a CP a dar lucro e a ser campeã de greves, e um Luis que pede que o deixem trabalhar, mas que não sabemos que se tal lhe consentirmos, terá tempo para governar o país.

Neste balanço, parece-me mais adequado terminar com uma outra expressão popular, diferente da que deu título a esta crónica. “Entre mortos e feridos, alguém há de escapar.”

 

"A política é a arte de captar em proveito próprio a paixão dos outros."

  Henry de Montherlant (escritor, ensaísta e dramaturgo francês)


sexta-feira, 9 de maio de 2025

ANÓNIMO

Um casal mudou-se para um novo bairro. Na manhã do dia seguinte, enquanto bebiam café a mulher olhou para a janela e viu a vizinha a estender roupas. Imediatamente comentou com o marido:

- Que porca a nova vizinha! Como é que tem coragem de pendurar no estendal as roupas mal lavadas.... Está tudo amarelo! Se eu tivesse intimidade com a vizinha dizia-lhe se queria umas aulas para lavar a roupa como deve de ser!

- Sai da janela mulher (indica o marido)

Dias depois, novamente durante o pequeno-almoço a vizinha pendurava lençóis no estendal e a mulher comentou com o marido:

- Olha lá a coitada.... Acho que não tem sabão em casa, nunca vi uma roupa branca naquela casa.

- Sai da janela mulher (indica o marido)

E assim, a cada dois ou três dias, a mulher repetia o mesmo discurso, enquanto a vizinha pendurava as roupas no estendal:

- Nunca vi tanta porcaria. Acho que nem roupa branca ela tem, só́ vejo amarelas...

Passado um tempo a mulher ficou surpreendida ao ver uns lençóis muito brancos no estendal, empolgada foi dizer ao marido:

- Até que enfim teve vergonha na cara e aprendeu a lavar as roupas. Será́ que outra vizinha lhe explicou? Porque eu não fiz nada...

O marido respondeu:

- Na verdade eu hoje acordei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!

Moral da história:

Assim é a vida. Aquilo que vemos quando olhamos para os outros depende de quão limpas estão as janelas através das quais olhamos. Antes de criticar e procurar algo no outro para julgar, quem sabe não seja melhor perguntar se não estamos prontos para um novo olhar.

Limpe a sua "janela", abra a sua janela! 

quinta-feira, 8 de maio de 2025

JOANA D'ARC

Em 8 de maio de 1429, Joana d'Arc liderou as forças francesas na libertação de Orleãs, um momento crucial na Guerra dos Cem Anos.

Joana d'Arc foi uma figura histórica fascinante e uma das mais emblemáticas de França. Nascida por volta de 1412 em Domrémy, ela era uma camponesa que alegava receber visões divinas do arcanjo Miguel, de Santa Margarida e de Santa Catarina. Essas visões instruíram-na a ajudar Carlos VII a recuperar o trono francês durante a Guerra dos Cem Anos.

Com apenas 17 anos, Joana D’Arc liderou as tropas francesas e desempenhou um papel crucial na libertação de Orleãs em 1429, um evento que mudou o curso da guerra. A sua coragem e a sua determinação elevaram a sua reputação, permitindo que Carlos VII fosse coroado rei na Catedral de Reims.

No entanto, a sua trajetória foi interrompida em 1430, quando foi capturada pelos Borguinhões e entregue aos ingleses. Acusada de heresia e bruxaria, foi julgada e condenada à morte na fogueira em 30 de maio de 1431, aos 19 anos. Anos depois, a sua condenação foi anulada, e em 1920, Joana foi canonizada pela Igreja Católica, tornando-se um símbolo de fé e patriotismo francês.

A sua história continua a inspirar debates sobre liderança, coragem e espiritualidade. 

quarta-feira, 7 de maio de 2025

RENDIÇÃO DA ALEMANHA NAZI AOS ALIADOS

Há precisamente 80 anos, a 7 de maio de 1945, em Reims, França, o general alemão Alfred Jodl assinou a rendição incondicional da Alemanha perante os Aliados ocidentais.

Contudo, em 8 de maio de 1945, data que ficou conhecida como o Dia da Vitória na Europa, é que foi oficialmente assinado o documento que marcou o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Nesta segunda data, em Berlim, houve uma cerimónia de rendição para satisfazer a exigência da União Soviética de uma assinatura formal no seu setor da cidade. Nessa cerimónia, o marechal Wilhelm Keitel assinou o documento perante os soviéticos.

Na Rússia e nalguns países da antiga URSS, o Dia da Vitória é comemorado em 9 de maio, devido ao fuso horário de Moscovo. 

terça-feira, 6 de maio de 2025

SIGMUND FREUD

"Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons."

Sigmund Freud (1856–1939) foi um médico neurologista austríaco, fundador da psicanálise, um campo que revolucionou a compreensão da mente humana. Desenvolveu teorias sobre o inconsciente, os sonhos, e os mecanismos de defesa psicológicos, além de conceitos como o id, ego e superego. Freud acreditava que muitos dos conflitos internos das pessoas derivavam de desejos reprimidos, especialmente relacionados com a infância.

A sua obra influenciou não apenas a psicologia, mas também a literatura, a arte e a filosofia. O complexo de Édipo, é uma teoria desenvolvida por ele sobre o desenvolvimento infantil. Freud passou grande parte da sua vida em Viena, mas fugiu para Londres em 1938 devido à perseguição nazista. Faleceu em 1939, deixando um legado que continua a ser debatido e estudado até hoje. 

sexta-feira, 2 de maio de 2025

ADEUS, FRANCISCO

Francisco partiu de consciência tranquila, pois num mundo caótico como aquele em que vivemos hoje, nada mais poderia ter feito. Todavia, despediu-se da vida com a inquietude de quem deixa uma missão a meio, talvez impossível de finalizar, mesmo que os dons divinos o tornassem imortal.

O Papa Francisco, ou o Padre Jorge, como gostava que o tratassem, nasceu em Buenos Aires a 17 de dezembro de 1936, tendo sido batizado com o nome de Jorge Mario Bergoglio. Descendente de uma família de imigrantes italianos, o seu pai era um trabalhador ferroviário e a sua mãe dona de casa. Praticou basquetebol no San Lorenzo, um dos cinco grandes do futebol argentino e cujas origens haviam sido impulsionadas por um padre.  Torcedor sanlorencista assumido, afirmou que não perdeu nenhum jogo do título argentino de 1946, quando tinha então dez anos. 

Nascido e criado no bairro de Flores, atual sede do San Lorenzo, o Papa Francisco era o mais velho de cinco filhos. Tinha formação como técnico de química pela Escuela Técnica Industrial N° 27 Hipólito Yrigoyen. Ainda jovem, teve uma doença respiratória que o obrigou a submeter-se a uma cirurgia de remoção de um pulmão. Durante a sua adolescência, teve uma namorada chamada Amalia que, segundo ela, a terá chegado a pedir em casamento e afirmado que se ela não aceitasse se tornaria padre.

Foi o primeiro papa nascido na América, o primeiro pontífice do hemisfério sul, o primeiro papa a utilizar o nome de Francisco, o primeiro pontífice não europeu em mais de 1 200 anos e também o primeiro papa jesuíta da história. Tornou-se arcebispo de Buenos Aires em 28 de fevereiro de 1998 e foi elevado ao cardinalato em 21 de fevereiro de 2001. Foi eleito papa em 13 de março de 2013.

Ao longo de toda a sua vida pública, o Papa Francisco destacou-se pela sua humildade. Tinha uma abordagem menos formal ao papado do que os seus antecessores, escolhendo residir na casa de hóspedes Domus Sanctae Marthae, em vez de nos aposentos papais do Palácio Apostólico, usados pelos papas anteriores. Ele sustentava que a Igreja deve ser mais aberta e acolhedora, colocando ênfase na misericórdia de Deus, na preocupação com os pobres e no compromisso com o diálogo inter-religioso. Era contra o capitalismo desenfreado, o marxismo e versões da teologia da libertação. Mantinha as visões tradicionais da Igreja em relação ao aborto, casamento, ordenação de mulheres e celibato clerical.

Na diplomacia internacional, ajudou a restaurar temporariamente as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Cuba e apoiava a causa dos refugiados das crises migratórias da Europa e da América Central. Enfrentou críticas abertas, particularmente de conservadores teológicos, sobre muitas questões. Defendeu acerrimamente o combate de abusos sexuais por membros do clero, tornando obrigatórias as denúncias e responsabilizando quem as omite.

Manteve o sorriso e o bom humor que o caracterizava até ao último suspiro. Com enormes dificuldades respiratórias pela enfermidade que o tinha mantido internado muitos dias, trabalhou ainda no dia em faleceu, tendo na véspera, Domingo de Páscoa, aparecido no meio dos fiéis na Praça de São Pedro.

Foram respeitadas as suas vontades quanto à forma como pretendia ser sepultado e o caixão em que o seu corpo devia ser depositado. Decerto teria vontade de fazer como o Pinto da Costa, e nomear os que não queria ter no seu funeral. Tenho a certeza que o pensou, e teria muito bem identificadas essas pessoas. Mas mesmo que o pudesse fazer, nunca o faria, pois era o representante máximo da Igreja, instituição que sempre defendeu ser de TODOS e TODOS acolher.

Assisti, pela televisão, aos momentos mais marcantes das exéquias e de todo o cerimonial que as envolveram. Não pelo sentido religioso, mas pela perda de um homem bom que soube usar o poder que lhe foi conferido, senti algumas lágrimas rolarem no meu rosto. Em contraste, fui por vezes invadido por um sentimento de revolta por aquilo que presenciava no espaço reservado aos convidados de honra. Que hipocrisia! Para completar tão “ilustre” plateia só faltaram Putin e Netanyahu. É evidente que no meio de tantos farsolas estava gente de bem, como Guterres e uns tantos outros.

Adeus, Francisco! Obrigado por todo o teu esforço de tentares construir um Mundo melhor, que o Homem não quis e não soube aproveitar.

 

"A hipocrisia é uma homenagem que o vício presta à virtude."

 François de La Rochefoucauld (escritor e moralista francês)

VISITA À FAMÍLIA

Chegou o momento de fazer uma pausa. Até ao final de junho a minha atividade neste blogue será menos regular, com alguns apontamentos pontua...