Há muito que deixei de ver debates políticos com assiduidade. Em cada campanha eleitoral procuro selecionar um ou outro confronto entre partidos que me possa trazer alguns esclarecimentos, ou que pela sua envolvente encerre algo expectante que me desperte curiosidade. Foi o que aconteceu na sexta-feira passada, dia 11 de abril de 2025, no frente a frente entre a AD e o LIVRE, transmitido pela TVI, após o Jornal da Noite.
Esta minha bisbilhotice advinha de ser um dos debates que
Luís Montenegro não lhe apeteceu fazer, delegando em Nuno Melo, sob um pretenso
exercício de democracia interna da “AD – Coligação PSD/CDS”. Recorde-se que
esta denominação aprovada pelo Tribunal Constitucional, surge na sequência da
recusa do nome inicialmente pretendido de “AD – Aliança Democrática – PSD/CDS”,
alegando que podia induzir em erro os eleitores, já que desta vez não inclui o
Partido Popular Monárquico (PPM), ao contrário do que aconteceu nas eleições de
há um ano (março de 2024).
Certo ou errado, o entendimento sobre estes debates é que
eles ocorram entre candidatos a Primeiro-Ministro, condição que Nuno Melo não
reúne. Foi assim que interpretou Rui Tavares, líder do Livre e candidato a
chefe do governo pelo seu partido, indigitando a sua líder parlamentar, Isabel
Mendes Lopes, a participar no confronto.
Nuno Melo começou o frente a frente ao ataque, numa
tentativa de dissimular o seu ego ofendido, e puxando dos galões como primeira
figura do CDS. Talvez esquecendo-se que antes desta coligação o seu partido não
tinha representação parlamentar, como mais à frente Isabel Mendes Lopes lhe
recordou, usou a antiguidade do seu partido como um estatuto que deveria ser
respeitado, face à juventude dos dez anos de existência do Livre.
Apesar de todas as oportunidades que a moderadora Sara Pinto
lhe proporcionou, Nuno Melo não apresentou uma única medida concreta que a
coligação se propõe desenvolver se for governo. Será que como figura secundária
deste grupo político ainda não dispõe da informação necessária e suficiente
para se comprometer?
Mesmo que esta especulação possa ter algum fundamento,
deve-se esperar mais de alguém com o seu trajeto político. Provavelmente, por
ter entrado cedo na vida política, não teve tempo de tirocinar em contexto real
de trabalho os conhecimentos que o seu curso lhe deve ter dado, tais como não
intimidar os seus interlocutores, nem se dirigir a eles de dedo em riste, como
fez sistematicamente neste debate.
Perante cada questão colocada pela moderadora, esquivava-se
aproveitando o seu tempo para acusar o Livre pela queda do Governo, ao alinhar
as suas posições com outros partidos, ou criticando as posições defendidas pelo
seu líder, por vezes de forma grosseira, como quando sugeriu a Rui Tavares que
despisse o seu fato de esquerdista e se vestisse como historiador.
Tudo o que aqui afirmo, embora nada me mova contra Nuno
Melo, pode ser confirmado nos portais televisivos aonde o debate se encontra
disponível na integra. Não é meu objetivo defender qualquer causa política, ou
ideologia, mas a escolha de seguir uma carreira política foi deste advogado, e
não minha. Como cidadão que paga os seus impostos e participa na vida política
do país, ainda que apenas como eleitor, sinto-me defraudado quando vejo
indivíduos maduros, a quem pagamos para dirigirem o nosso país, terem comportamentos
dececionantes como este senhor teve na passada sexta-feira.
No final deste debate ressalta uma atitude de despeito de
Nuno Melo, característica daqueles que se julgam mais do que aquilo que são.
Para um líder de um grupo político com os pergaminhos que evocou, não se
fazendo rogado logo no início do confronto, um pouco de humildade seria
desejável e útil, sobretudo para aprender com os erros que alguns dos seus
antecessores cometeram, conduzindo o partido a uma sombra da dimensão que teve
no passado, fazendo esquecer o importante papel que teve na construção da democracia
do país.
"Nada neste
mundo consome mais rapidamente um homem que a paixão do ressentimento."
Friedrich Nietzsche (filósofo, poeta e compositor
prussiano)
Lamentável conduta.
ResponderEliminarFoi tão mau.
Mas quem se julga ele que é