quarta-feira, 16 de abril de 2025

A OFENSA DO LIVRE

Há muito que deixei de ver debates políticos com assiduidade. Em cada campanha eleitoral procuro selecionar um ou outro confronto entre partidos que me possa trazer alguns esclarecimentos, ou que pela sua envolvente encerre algo expectante que me desperte curiosidade. Foi o que aconteceu na sexta-feira passada, dia 11 de abril de 2025, no frente a frente entre a AD e o LIVRE, transmitido pela TVI, após o Jornal da Noite.   

Esta minha bisbilhotice advinha de ser um dos debates que Luís Montenegro não lhe apeteceu fazer, delegando em Nuno Melo, sob um pretenso exercício de democracia interna da “AD – Coligação PSD/CDS”. Recorde-se que esta denominação aprovada pelo Tribunal Constitucional, surge na sequência da recusa do nome inicialmente pretendido de “AD – Aliança Democrática – PSD/CDS”, alegando que podia induzir em erro os eleitores, já que desta vez não inclui o Partido Popular Monárquico (PPM), ao contrário do que aconteceu nas eleições de há um ano (março de 2024).   

Certo ou errado, o entendimento sobre estes debates é que eles ocorram entre candidatos a Primeiro-Ministro, condição que Nuno Melo não reúne. Foi assim que interpretou Rui Tavares, líder do Livre e candidato a chefe do governo pelo seu partido, indigitando a sua líder parlamentar, Isabel Mendes Lopes, a participar no confronto.

Nuno Melo começou o frente a frente ao ataque, numa tentativa de dissimular o seu ego ofendido, e puxando dos galões como primeira figura do CDS. Talvez esquecendo-se que antes desta coligação o seu partido não tinha representação parlamentar, como mais à frente Isabel Mendes Lopes lhe recordou, usou a antiguidade do seu partido como um estatuto que deveria ser respeitado, face à juventude dos dez anos de existência do Livre.

Apesar de todas as oportunidades que a moderadora Sara Pinto lhe proporcionou, Nuno Melo não apresentou uma única medida concreta que a coligação se propõe desenvolver se for governo. Será que como figura secundária deste grupo político ainda não dispõe da informação necessária e suficiente para se comprometer?

Mesmo que esta especulação possa ter algum fundamento, deve-se esperar mais de alguém com o seu trajeto político. Provavelmente, por ter entrado cedo na vida política, não teve tempo de tirocinar em contexto real de trabalho os conhecimentos que o seu curso lhe deve ter dado, tais como não intimidar os seus interlocutores, nem se dirigir a eles de dedo em riste, como fez sistematicamente neste debate.

Perante cada questão colocada pela moderadora, esquivava-se aproveitando o seu tempo para acusar o Livre pela queda do Governo, ao alinhar as suas posições com outros partidos, ou criticando as posições defendidas pelo seu líder, por vezes de forma grosseira, como quando sugeriu a Rui Tavares que despisse o seu fato de esquerdista e se vestisse como historiador.

Tudo o que aqui afirmo, embora nada me mova contra Nuno Melo, pode ser confirmado nos portais televisivos aonde o debate se encontra disponível na integra. Não é meu objetivo defender qualquer causa política, ou ideologia, mas a escolha de seguir uma carreira política foi deste advogado, e não minha. Como cidadão que paga os seus impostos e participa na vida política do país, ainda que apenas como eleitor, sinto-me defraudado quando vejo indivíduos maduros, a quem pagamos para dirigirem o nosso país, terem comportamentos dececionantes como este senhor teve na passada sexta-feira.

No final deste debate ressalta uma atitude de despeito de Nuno Melo, característica daqueles que se julgam mais do que aquilo que são. Para um líder de um grupo político com os pergaminhos que evocou, não se fazendo rogado logo no início do confronto, um pouco de humildade seria desejável e útil, sobretudo para aprender com os erros que alguns dos seus antecessores cometeram, conduzindo o partido a uma sombra da dimensão que teve no passado, fazendo esquecer o importante papel que teve na construção da democracia do país.

 

"Nada neste mundo consome mais rapidamente um homem que a paixão do ressentimento."

Friedrich Nietzsche (filósofo, poeta e compositor prussiano)


1 comentário:

  1. Lamentável conduta.
    Foi tão mau.
    Mas quem se julga ele que é

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