sexta-feira, 23 de maio de 2025

VISITA À FAMÍLIA

Chegou o momento de fazer uma pausa. Até ao final de junho a minha atividade neste blogue será menos regular, com alguns apontamentos pontuais. Vou visitar a família e realizar um sonho: Publicar o meu primeiro livro de crónicas.

Através das redes sociais, Linkedin, Facebook e Instagram, manterei os meus companheiros e amigos informados, podendo desde já adiantar que estarei presente na Feira do Livro de Lisboa, no próximo dia 16 de junho, entre as 19h00 e as 19h45, para uma sessão de autógrafos.

Espero ver-vos por lá. Até breve!

quinta-feira, 22 de maio de 2025

SANTA RITA DE CÁSSIA

"Nada é impossível para aquele que tem fé."

Santa Rita de Cássia é conhecida como a Santa das Causas Impossíveis, e a sua vida foi marcada pela sua perseverança, fé e superação. O dia 22 de maio é-lhe dedicado porque marca a data da sua morte, ocorrida na noite entre 21 e 22 de maio de 1447.

Após a sua morte, diversos milagres foram atribuídos à sua intercessão, fortalecendo a sua devoção ao longo dos séculos. A sua celebração a 22 de maio é um momento de reflexão sobre a força da fé diante das adversidades.

A sua canonização ocorreu em 24 de maio de 1900 pelo Papa Leão XIII e, desde então, a sua festa litúrgica é celebrada anualmente a 22 de maio. Em várias cidades ao redor do mundo, especialmente em Itália e no Brasil, essa data é marcada por missas, procissões e bênçãos das rosas, um dos símbolos associados à santa.

terça-feira, 20 de maio de 2025

A TÉCNICA DO SALAME

Uma das atividades que exerço profissionalmente é a formação profissional. Inicialmente, a temática que mais desenvolvi foi associada à área comercial, com principal incidência nas vendas e na negociação. Neste último domínio, evoluí para um âmbito mais amplo, e não estritamente focado nas transações mercantilistas. Em boa verdade, não nos apercebemos da quantidade de negociações que fazemos diariamente, muitas delas dando suporte às decisões que quotidianamente temos necessidade de tomar.

Este preambulo foi apenas para enquadrar o título desta crónica, pois é a denominação de uma estratégia ou técnica negocial. Visualmente, consiste em irmos retirando fatias finíssimas de um salame, de forma que ninguém dê conta que ele vai diminuindo e nós apropriando-nos lentamente do seu todo. Esta técnica é muito usada quando estamos em presença de opositores que têm dificuldade em ceder partes significativas do seu espólio, mas que não são muito observadores e paulatinamente vão vendo o seu património ser reduzido, mas sem se darem conta do que está a acontecer.    

Lembrei-me desta técnica negocial, enquanto refletia sobre a estratégia do Chega nas eleições de domingo. Aqueles que como eu eram adolescentes ou jovens em 1974, quando se deu o 25 de abril, pensam, talvez ingenuamente, que a possibilidade de um partido de extrema-direita governar Portugal é pura ficção. Mas se ainda não tínhamos dado conta de que estávamos enganados, depois do que ontem se passou com os resultados eleitorais das legislativas 2025, não temos mais desculpa para continuarmos a fazer como a avestruz, e metermos a cabeça debaixo da areia.

Em apenas seis anos, o Chega, chegou viu e venceu. Não venceu ainda estas eleições, mas, se não abrirmos os olhos, irá ganhar as próximas eleições. Basta continuarmos a manter a atitude arrogante bem patente em políticos como o Nuno Melo, que julga que está na tropa e pensa que a antiguidade é um posto. Recordo-me de que no debate com o Livre, em que se sentiu ofendido por o Rui Tavares ter indigitado Isabel Mendes Lopes para representar o grupo parlamentar, ter referido que o CDS era um partido que fazia parte da história da democracia portuguesa, com cinquenta anos de existência, enquanto o Livre era apenas um adolescente com dez anos de vida. Pois ao Chega bastou apenas chegar à idade pré-escolar para ser a segunda força política nacional, e conquistar vinte e seis por cento dos lugares na Assembleia da Républica.

Pode ser que o Rui Tavares, que é licenciado em História, estimulado por ter conseguido mais dois deputados do que nas eleições anteriores, comece a realizar uns workshops pós-laborais para os nossos líderes políticos, explicando como a Républica derrotou a Monarquia, a Anarquia se instalou na Républica, o Fascismo limpou a Anarquia, a Democracia venceu o Fascismo, e o Totalitarismo e a Extrema-direita estão a exterminar a Democracia. Seja através dos ideais imperialistas de Putin, do fanatismo de Netanyahu ou da ambição desmedida de Trump, não faltam alertas para que não nos deixemos adormecer, despertando quando já estivermos manietados.  

É preciso oferecer soluções de vida aos eleitores, colocar a causa pública acima dos interesses pessoais, e mostrar maturidade para inspirar confiança. Não chega caluniar um alvo, quando outros mais espertos, nos metem no mesmo saco para apanharmos a boleia daqueles que pretendemos denegrir. Foi o que o Chega fez com o PS, temperando o prato com a exploração de ódios sociais e a fragilidade da saúde, que só não sortiu mais efeito pela irreverência do André Ventura, e de ter tido a sorte de não se cruzar com nenhum cigano no hospital. Sim, porque não existisse esse risco, ele teria recusado o privilégio de tratamento VIP, pois quem é humilde e vive numa casa de 30 m2, não precisa dessas mordomias.

Espero que a AD não se deslumbre, como aconteceu no domingo com o Sebastião Bugalho na CNN. Esquecendo-se como chegou à política, culpou a comunicação social pelo excessivo destaque informativo que deram aos partidos de esquerda. É caso para dizer, que mesmo não tendo tido qualquer efeito eleitoralista, há que manter o discurso do queixoso, pois quem não chora não mama. E mesmo assim, a mama está a acabar, como o André Ventura disse no seu discurso de vitória.

Cuidemos e olhemos pelo nosso salame, senão, um dia destes, quando nos formos servir encontramos apenas o sítio aonde o deixamos.

 

"A negociação bem-sucedida é aquela em que o outro lado cede sem perceber que está cedendo."

Henry Kissinger (diplomata, cientista político e estratega estado-unidense)


segunda-feira, 19 de maio de 2025

ANÍBAL CAVACO SILVA

Completam-se hoje 40 anos, que Cavaco Silva foi eleito líder do Partido Social Democrata (PSD), em 19 de maio de 1985.

Aníbal Cavaco Silva é economista e foi Primeiro-Ministro de Portugal de 1985 a 1995, sendo o primeiro a conquistar uma maioria absoluta sob o sistema constitucional vigente. Posteriormente, foi Presidente da República de 2006 a 2016, sucedendo a Jorge Sampaio e antecedendo Marcelo Rebelo de Sousa. É reconhecido pela sua contribuição para a integração de Portugal na União Europeia e pelas suas políticas económicas que marcaram a sua gestão.

Nascido em Boliqueime, em 15 de julho de 1939, formou-se em Economia e Finanças pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa e posteriormente obteve um doutoramento em Economia Pública pela Universidade de Iorque, no Reino Unido. Antes de ingressar na política, foi professor universitário e investigador na Fundação Calouste Gulbenkian.

Em 1974, aderiu ao Partido Social Democrata (PSD), que na época ainda se chamava Partido Popular Democrático (PPD). Trabalhou no Banco de Portugal e acumulou experiência na área económica antes de assumir cargos políticos de maior relevância.

Foi nomeado Ministro das Finanças em 1980, durante o governo liderado por Francisco Sá Carneiro. Em 1985, tornou-se líder do PSD e venceu as eleições legislativas, assumindo o cargo de Primeiro-Ministro de Portugal. O seu governo foi marcado por uma forte aposta na modernização económica e na integração europeia.

Durante os dez anos que foi Primeiro-Ministro (1985-1995), Portugal passou por um período de crescimento económico significativo, impulsionado por investimentos estruturais e pela entrada do país na União Europeia.

Após um período em que se manteve afastado da política, candidatou-se à Presidência da República e venceu as eleições em 2006. Durante os seus dois mandatos, enfrentou desafios como a crise económica iniciada em 2008, que afetou Portugal profundamente. Apesar de ter sido reeleito em 2011, a sua popularidade foi impactada pelas dificuldades económicas do país.

Em 2015, após as eleições legislativas que resultaram num parlamento fragmentado, convidou Pedro Passos Coelho a formar um governo minoritário, uma decisão que gerou controvérsias e acabou levando a um voto de desconfiança.

Cavaco Silva é recordado pela sua gestão económica, a sua influência na integração europeia e a sua longevidade política. O seu governo como Primeiro-Ministro foi o mais longo desde Salazar, e o mais duradouro entre os líderes eleitos democraticamente em Portugal. O seu estilo de liderança, focado na estabilidade económica e na modernização do país, deixou marcas profundas na política portuguesa. 

sexta-feira, 16 de maio de 2025

JOSÉ PACHECO PEREIRA

Acho que nunca escrevi um artigo em estado de maior indignação. O que se passa em Gaza e no território da Autoridade Palestiniana convoca não só a política, a geopolítica, as relações de forças entre Estados, o mundo do “Ocidente” e do Oriente, todos os conflitos em curso, o “Sul global”, o papel das Nações Unidas, mesmo o direito internacional, convoca tudo o que quiserem, mas tudo está abaixo de um repto moral, de uma obrigação de falar, de um dever de protestar e atuar perante um massacre cruel, diante dos nossos olhos, de um povo, o palestiniano.

Só conheço uma comparação para esta indiferença, vergonhosa e também, ao mesmo tempo, a mais certeira e, num certo sentido, a mais diabólica: o encolher de ombros de todos os que sabiam que o Holocausto estava em curso –​ e havia muitos altos responsáveis entre os inimigos dos alemães que sabiam – e nada fizeram.

E não me venham com a história do antissemitismo, que é um argumento insultuoso para justificar os crimes de Israel, da mesma natureza que o canto “desde o rio até ao mar” serve para justificar o massacre do Hamas. Estão bem uns para os outros.

Já sabemos que tudo começou com um massacre perpetrado pelo Hamas e que devia ter uma resposta israelita dura, como teve. Mas o que se passa nos dias de hoje é outra coisa, é outro patamar político, racial, nacional, que nada tem a ver com uma resposta com qualquer racionalidade militar para combater o Hamas. É uma política de destruição em massa de um povo e do seu “lugar”, e conheceu mais um agravamento na semana passada, com o anúncio da anexação de mais uma parte do território de Gaza ao Estado de Israel. Trata-se, certamente, de preparar a “Riviera” que um Presidente demente diz querer fazer. Bastava esta declaração de Trump, com a aquiescência cínica e interesseira de Bibi, para nós percebermos o grau de loucura que está à frente da maior potência mundial.

Ah! Sim, muita gente diz-se preocupada todas as vezes que Trump abre a boca, ou move as mãos para fazer aquela assinatura infantil em mais uma ordem executiva à margem da Constituição e dos poderes do Congresso, mas isso não chega. Em particular, não chega para a hipocrisia moral de muitos países da União Europeia, como Portugal, que nem sequer o passo de reconhecer o Estado palestiniano são capazes de dar. É uma atitude quixotesca? Se for levada a sério, com a instalação de embaixadas no novo Estado, a assinatura de acordos económicos, políticos e militares, com um Estado soberano, então a coisa fia mais fino. Acresce que Israel, violando todas as regras do direito internacional, conduzindo um massacre quotidiano, não tem sanções.

No entretanto, todos os dias se mata gente inocente, crianças, mulheres, velhos, sem sequer qualquer racionalidade militar que não seja destruir, matar ou atirar para fora da sua terra milhões de pessoas, para depois terraplanar as ruínas e lá instalar colonos israelitas, os mesmos que andam também a matar palestinianos nas terras da Autoridade Palestiniana, a base eleitoral dos partidos da extrema-direita que estão no governo de Bibi. Quem acredita que o que Bibi quer é dar a Trump os hotéis de luxo e as praias da costa de Gaza para fazer vários Mar-a-Lago, e que alguma vez alguém vai lá por o seu rico dinheiro para fazer uma estância turística, rodeada, por terra, por três muros e um pequeno exército de segurança e, por mar, por patrulhas em lanchas, está tão demente como Trump. Não é o caso de Bibi que quer outras coisas, todas locais, todas no Médio Oriente, todas culminando num ataque ao Irão. Para isso, ele até é capaz de construir a tal Riviera vazia de gente, como as aldeias Potemkin em cartão, deslocadas de quarteirão em quarteirão, para a glória de Trump e depois, conseguindo o que quer, trazer o seu eleitorado de extrema-direita para tomar banho na sua Riviera.

E, já agora, não convinha perguntar, em plenas eleições, algo de verdadeiramente importante ao PS, ao PSD, ao CDS, ao Chega, por aí adiante, se, chegando ao Governo, estão dispostos a reconhecer o Estado palestiniano, estão dispostos a impor sanções a Israel e a usar todos os meios ao dispor de um Estado da União Europeia para punir os criminosos? E, para além disso, o que é que eles acham do que se está a passar com as crueldades de Israel em Gaza?

As respostas seriam até uma razão bem mais sólida e moral para decidir o voto.

In Público, 10/05/2025 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

GUERRA ÁRABE-ISRAELENSE

Porque o homem esquece, mas a história não, não será demais recordar que há precisamente 77 anos, a 15 de maio de 1948, começava a Guerra Árabe-Israelense, logo após a declaração de independência de Israel. 

Os países árabes vizinhos — Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Iraque e Arábia Saudita — rejeitaram a criação do Estado de Israel e lançaram uma ofensiva militar contra o novo país.

O conflito foi um desdobramento da Guerra Civil na Palestina Mandatária (1947-1948), que já havia gerado tensões entre judeus e árabes palestinianos. A guerra resultou na vitória israelense, consolidando o Estado de Israel e alterando significativamente a geopolítica da região. Israel conseguiu expandir o seu território além do que havia sido proposto no Plano de Partilha da ONU, enquanto a Jordânia ocupou a Cisjordânia e o Egito assumiu o controle da Faixa de Gaza.

O conflito terminou oficialmente em 10 de março de 1949, após uma série de acordos de armistício assinados entre Israel e os países árabes envolvidos. Esses acordos consolidaram a vitória israelita e redefiniram as fronteiras da região.

Como principais consequências, destaca-se a expansão territorial de Israel para além das áreas previstas no Plano de Partilha da ONU, conquistando cerca de mais cinquenta por cento de território que seria destinado ao futuro Estado da Palestina.

Este facto juntamente com a ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, pela Jordânia e pelo Egito deu lugar à criação do problema dos refugiados palestinianos. Centenas de milhares de palestinianos foram desalojados das suas terras, dando origem à questão dos refugiados, que permanece um dos temas centrais do conflito árabe-israelense. Esta guerra estabeleceu um padrão de hostilidade entre Israel e os países árabes, levando a novos conflitos nas décadas seguintes. 

VISITA À FAMÍLIA

Chegou o momento de fazer uma pausa. Até ao final de junho a minha atividade neste blogue será menos regular, com alguns apontamentos pontua...