Termina hoje o primeiro mês do ano de 2025, e esta última semana começou com factos contraditórios, que justificam o título deste texto.
No dia 27, segunda-feira, comemorou-se o Dia Internacional
de Memória das Vítimas do Holocausto, estabelecido em 2005 pela Assembleia
Geral das Nações Unidas, para recordar e homenagear as vítimas do holocausto, e
promover a educação sobre a dignidade e os direitos humanos.
Esta data marca o aniversário da libertação do campo de
concentração e extermínio de Auschwitz, pelas tropas soviéticas em 27 de
janeiro de 1945.
Hoje, pode parecer um paradoxo, que tropas russas, coadjuvadas
por um significativo número de soldados norte-coreanos, promovam uma guerra
contra a Ucrânia, uma das antigas repúblicas soviéticas, aonde se estima já
terem morrido cerca de duzentas mil pessoas, quando nos encontramos a menos de
um mês de se completarem três anos sobre o início da invasão russa.
De libertadores a invasores, não foram precisos oitenta
anos, pelo que o homem esquece, a história não!
Mas este início de semana não nos trouxe só isso.
Podemos ver através de imagens televisivas, o regresso de cerca
de seiscentos e cinquenta mil palestinianos, do centro e do sul da Faixa de
Gaza, no retorno às suas casas no norte do enclave. Foram autorizados a
fazê-lo, na sequência de um acordo entre Israel e o Hamas.
Tal como na Segunda Guerra Mundial, assistimos ao reencontro
emocionado de famílias, que tinham sido separadas pelo desenvolvimento do
conflito, sem que nada tenham contribuído para isso e, seguramente, contra a
sua vontade.
Claro que não apoio, nem me identifico, com os ideais do Hamas,
mas não posso deixar de considerar a resposta de Israel ao atentado de 7 de
outubro de 2023, desproporcionada e indiscriminada, sobretudo sendo perpetrada pelo
Estado do povo chacinado pelo regime nazi, em que pereceram seis milhões de
judeus.
De perseguidos a perseguidores, não foram precisos oitenta
anos, pelo que o homem esquece, a história não!
Ainda outro acontecimento histórico, marcou o primeiro dia
desta semana, embora sem relação direta com os dois anteriores.
Assistimos ao início da materialização de uma das promessas
eleitorais de Donald Trump que, certamente, contribuíram decisivamente para a sua
eleição. Estima-se, que cerca de mil pessoas, maioritariamente de
nacionalidades mexicana, colombiana, salvadorenha e brasileira tenham sido deportadas
para os seus países de origem nesse dia.
Oitenta e oito brasileiros foram deportados chegando ao
Brasil algemados, gerando a indignação do governo brasileiro, que considerou o
tratamento degradante e violador dos direitos humanos, exigindo explicações do
governo dos EUA sobre o uso das algemas, e de correntes durante o voo.
Os imigrantes colombianos foram igualmente algemados, e
transportados em aviões militares, levando a que, inicialmente, o governo
colombiano se recusasse a receber estes voos militares, devido ao tratamento
degradante que dispensaram aos deportados. O presidente colombiano declarou que
os imigrantes não deveriam ser tratados como criminosos e exigiu que fossem
transportados em aviões civis.
No entanto, após ameaças de sanções económicas por parte dos
EUA, o governo colombiano acabou cedendo, e recebeu os deportados em aviões
militares. Essa crise diplomática evidenciou as tensões entre os dois países e
a complexidade das relações internacionais envolvendo a imigração e tratamento
de deportados.
Mais uma vez parece que o homem, Donald Trump e os seus
seguidores, esqueceu a história da formação dos EUA. O país iniciou-se através
de um processo de colonização europeia no século XVII, por colonos ingleses que
procuravam liberdade religiosa, oportunidades económicas e uma nova vida. Este
processo, fomentou uma política de escravatura de africanos, também eles imigrantes
forçados, que durou mais de cento e cinquenta anos.
Apesar da abolição oficial da escravatura em 1865, a discriminação
racial manteve-se viva nos EUA por mais de um século. Recorde-se que o primeiro
presidente afro-americano a ser eleito foi Barak Obama, em novembro de 2008.
Concluindo, o homem esquece, a história não!
"Aqueles que
não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo."
George Santayana (filósofo,
poeta e ensaísta hispano-americano)
Totalmente de acordo.A verdadeira essência dos Estados Unidos está a ser dessimulda pelo vil poder e arrogância demedida
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EliminarObrigado pelo feedback.
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