sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

O HOMEM ESQUECE, A HISTÓRIA NÃO!

Termina hoje o primeiro mês do ano de 2025, e esta última semana começou com factos contraditórios, que justificam o título deste texto.

No dia 27, segunda-feira, comemorou-se o Dia Internacional de Memória das Vítimas do Holocausto, estabelecido em 2005 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, para recordar e homenagear as vítimas do holocausto, e promover a educação sobre a dignidade e os direitos humanos.

Esta data marca o aniversário da libertação do campo de concentração e extermínio de Auschwitz, pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945.

Hoje, pode parecer um paradoxo, que tropas russas, coadjuvadas por um significativo número de soldados norte-coreanos, promovam uma guerra contra a Ucrânia, uma das antigas repúblicas soviéticas, aonde se estima já terem morrido cerca de duzentas mil pessoas, quando nos encontramos a menos de um mês de se completarem três anos sobre o início da invasão russa.

De libertadores a invasores, não foram precisos oitenta anos, pelo que o homem esquece, a história não!

Mas este início de semana não nos trouxe só isso.

Podemos ver através de imagens televisivas, o regresso de cerca de seiscentos e cinquenta mil palestinianos, do centro e do sul da Faixa de Gaza, no retorno às suas casas no norte do enclave. Foram autorizados a fazê-lo, na sequência de um acordo entre Israel e o Hamas.

Tal como na Segunda Guerra Mundial, assistimos ao reencontro emocionado de famílias, que tinham sido separadas pelo desenvolvimento do conflito, sem que nada tenham contribuído para isso e, seguramente, contra a sua vontade.

Claro que não apoio, nem me identifico, com os ideais do Hamas, mas não posso deixar de considerar a resposta de Israel ao atentado de 7 de outubro de 2023, desproporcionada e indiscriminada, sobretudo sendo perpetrada pelo Estado do povo chacinado pelo regime nazi, em que pereceram seis milhões de judeus.

De perseguidos a perseguidores, não foram precisos oitenta anos, pelo que o homem esquece, a história não!

Ainda outro acontecimento histórico, marcou o primeiro dia desta semana, embora sem relação direta com os dois anteriores.

Assistimos ao início da materialização de uma das promessas eleitorais de Donald Trump que, certamente, contribuíram decisivamente para a sua eleição. Estima-se, que cerca de mil pessoas, maioritariamente de nacionalidades mexicana, colombiana, salvadorenha e brasileira tenham sido deportadas para os seus países de origem nesse dia.

Oitenta e oito brasileiros foram deportados chegando ao Brasil algemados, gerando a indignação do governo brasileiro, que considerou o tratamento degradante e violador dos direitos humanos, exigindo explicações do governo dos EUA sobre o uso das algemas, e de correntes durante o voo.

Os imigrantes colombianos foram igualmente algemados, e transportados em aviões militares, levando a que, inicialmente, o governo colombiano se recusasse a receber estes voos militares, devido ao tratamento degradante que dispensaram aos deportados. O presidente colombiano declarou que os imigrantes não deveriam ser tratados como criminosos e exigiu que fossem transportados em aviões civis.

No entanto, após ameaças de sanções económicas por parte dos EUA, o governo colombiano acabou cedendo, e recebeu os deportados em aviões militares. Essa crise diplomática evidenciou as tensões entre os dois países e a complexidade das relações internacionais envolvendo a imigração e tratamento de deportados.

Mais uma vez parece que o homem, Donald Trump e os seus seguidores, esqueceu a história da formação dos EUA. O país iniciou-se através de um processo de colonização europeia no século XVII, por colonos ingleses que procuravam liberdade religiosa, oportunidades económicas e uma nova vida. Este processo, fomentou uma política de escravatura de africanos, também eles imigrantes forçados, que durou mais de cento e cinquenta anos.

Apesar da abolição oficial da escravatura em 1865, a discriminação racial manteve-se viva nos EUA por mais de um século. Recorde-se que o primeiro presidente afro-americano a ser eleito foi Barak Obama, em novembro de 2008.

Concluindo, o homem esquece, a história não!

 

"Aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo."

George Santayana (filósofo, poeta e ensaísta hispano-americano)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

MAHATMA GHANDI

Hoje, 30 de janeiro, completam-se 77 anos do assassinato de Mahatma Ghandi, em Nova Deli, Índia.

Mahatma Gandhi, cujo nome verdadeiro é Mohandas Karamchand Gandhi, foi um líder indiano reconhecido pelo seu papel crucial na luta pela independência da Índia do domínio britânico. 

Nascido em 2 de outubro de 1869, em Porbandar, na Índia, é amplamente conhecido pela sua filosofia de resistência não-violenta e desobediência civil.

Começou a sua carreira como ativista na África do Sul, onde enfrentou a discriminação racial e desenvolveu as suas ideias de satyagraha (força da verdade e da firmeza). 

Após regressar à Índia em 1915, liderou várias campanhas de resistência pacífica, incluindo a Marcha do Sal em 1930, que desafiou o monopólio britânico sobre a produção de sal.

Gandhi também trabalhou incansavelmente para promover a união entre hindus e muçulmanos na Índia e lutou contra a intocabilidade e a pobreza

Foi assassinado em 30 de janeiro de 1948 por um nacionalista hindu extremista, mas o seu legado de paz e justiça continua a inspirar movimentos de direitos civis em todo mundo.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

COCA-COLA

Em 29 de janeiro de 1892, Asa Griggs Candler comprou oficialmente a fórmula da Coca-Cola ao seu inventor, Dr. John Pemberton, e fundou a Coca-Cola Company em Atlanta, Geórgia. Candler registou a empresa e os ingredientes da bebida, tornando a fórmula um segredo bem guardado.

A Coca-Cola foi originalmente criada como um remédio pelo Dr. John Pemberton em 1886. Era um xarope, que continha extrato de folhas de coca (que contém cafeína), água e outros ingredientes, e que se destinava a aliviar dores de cabeça e proporcionar energia.

O Dr. Pemberton acreditava que a combinação da cafeína com os outros ingredientes ajudava a digestão, diminuía o cansaço, e proporcionava um efeito refrescante e estimulante. Começou a comercializar este remédio na farmácia Jacobs, em Atlanta, antes de Candler manifestar interesse em comprar a sua fórmula.

A Coca-Cola rapidamente se tornou numa das bebidas mais populares do mundo, e a empresa cresceu significativamente, iniciando uma das campanhas publicitárias mais extensas da história. 

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

SÃO TOMÁS DE AQUINO

A frase
"Para aqueles que têm fé, nenhuma explicação é necessária. Para aqueles sem fé, nenhuma explicação é suficiente." é atribuída a São Tomás de Aquino, e associada ao dia de hoje, mas não há um ano específico documentado em que ele a tenha proferido. São Tomás de Aquino viveu no século XIII (1225-1274) e as suas obras foram escritas durante esse período.

São Tomás de Aquino foi um importante filósofo e teólogo italiano da Idade Média, nascido em 1225, no Castelo de Roccasecca, em Itália. Ficou conhecido como o "Príncipe da Escolástica" e foi um dos principais defensores da integração da fé cristã com a filosofia aristotélica.

Ingressou na Ordem dos Dominicanos aos 19 anos e estudou em universidades como Nápoles e Paris. São Tomás de Aquino é mais conhecido pela sua obra "Suma Teológica", aonde apresenta uma exposição sistemática dos princípios do catolicismo. Também escreveu "Suma Contra os Gentios" e vários comentários sobre as Escrituras e Aristóteles.

São Tomás de Aquino foi canonizado em 1323 pelo Papa João XXII e é considerado um Doutor da Igreja Católica. Faleceu em 1274, aos 49 anos, na Abadia de Fossanova, em Itália.

 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

O SONHO

Dizem (não sei se é verdade!) que tenho algum jeito para escrever, e plasmar de forma clara as minhas ideias. Concomitantemente, sempre desejei escrever um livro, mas sempre me desculpei, para mim próprio, que não tinha tempo, nem disponibilidade mental, para imaginar uma trama que prendesse o leitor. Por isso, “escolhi” ir adiando o projeto até que reunisse as condições que julgava necessárias.

Quis o destino (estranho, não é… pois em vez de “destino” poderia ter escrito “acaso”, dado que nem acredito no destino, visto que seria anular ou condicionar as “escolhas” do meu “caminho”) que no verão de 2022 dispusesse de mais tempo do que gostaria, fruto de um problema de saúde que me obrigou a esperar por uma cirurgia, limitando a minha mobilidade.

Já tinha um dos ingredientes necessários para a minha receita da escrita, o tempo, mas faltava-me o outro elemento essencial, a disponibilidade mental, para urdir um enredo de uma história única. Sim, não queria escrever uma epopeia, mas também não me bastava falar sobre banalidades.

Dominado pelo medo da cirurgia que me esperava, que tinha alguns riscos, mas que era inevitável, tentei congregar forças que me afastassem do espetro que me dominava a mente.

Disse então, para mim próprio, está na altura de começares a escrever o teu livro.

Logo me recordei de uma das minhas maiores referências literárias, a escritora chilena Isabel Allende, que diz que “a verdade para ser credível necessita de alguma ficção”. Ora, sendo assim, atrevo-me a dizer que a ficção sempre encerra um pouco de verdade. E foi com esta orientação que comecei a tentar construir uma história, que sendo autobiográfica o não parecesse, através da adoção de nomes e sexos de personagens diferentes dos reais, locais distintos e elementos fictícios que descaracterizassem a realidade, e credibilizassem a “verdade” com alguma ficção.

Consegui escrever meia página, e percebi que nem um conto seria capaz de escrever com o material que tinha, quanto mais um livro. Desisti.

Refletindo sobre a experiência, tentei ir ao âmago do que me motivava, ou podia motivar a escrever. Rapidamente me detive num desejo recorrente, da minha mente poder ter uma memória do género das dos computadores que, com um simples comando, conseguisse gravar alguns dos meus pensamentos, registando-os instantaneamente e de forma que os pudesse revisitar mais tarde e sempre que quisesse.

Percebi ainda, que “produzir” uma história inédita que seja credível, mesmo utilizando uma verdade ficcionada, além de difícil, se transformaria num objetivo pesado e pouco motivador. Não possibilitaria a materialização daquilo que verdadeiramente me apaixonava na escrita – a partilha dos meus pensamentos, reflexões e histórias que cruzaram a minha vida.

Sem cair na anarquia, quero escrever sem ter de respeitar um guião, uma sequência cronológica, ou a obrigação de gerar um determinado número de páginas por dia. Quero escrever quando me apetecer, sobre aquilo que o meu espírito no momento me pedir e as histórias que recordar, sem um final à vista e uma conclusão anunciada.

Quer entrar comigo nesta viagem sem destino, mas que pode parar e descansar sempre que lhe apetecer, ou sair se achar que deixou de fazer sentido prosseguir neste comboio?

Não lhe prometo nada, nem a verdade, pois admito que poderei colocar alguma ficção para adornar as narrativas ou proteger os personagens reais. Comprometo-me apenas a partilhar pensamentos e reflexões sinceros, em que ficará a conhecer um pouco de mim, sem filtros ou subterfúgios que me enganem a mim, antes de tentar enganá-lo.

Vamos começar a viagem…

Passaram-se já dezoito meses (um ano e meio!), desde que iniciei esta viagem. O ano de 2024 caminha para o seu final, e já escrevi mais de cem páginas do meu projeto literário, como, pomposamente, lhe gosto de chamar.

Tal como prometi, não me preocupa perseguir um final ou uma conclusão, mas sinto necessidade de colocar etapas no percurso, para que possa tomar consciência que me desloco e não me mantenho, estacado, no ponto de partida.

Compreendi então, que me estava a perder na minha história, não porque deixasse de ter um fio condutor, mas porque, de facto, não tinha uma meta para atingir. Recuando no tempo, e revivendo as minhas reflexões iniciais, o principal elemento motivador para escrever era a partilha dos meus pensamentos, reflexões e histórias que cruzaram a minha vida.

Sem que desse conta, comecei a construir uma única história, em que todos estes aspetos se integrassem e interagissem, provavelmente influenciado pelos muitos romances que li. Talvez por falta de talento, verifiquei que não tenho essa magia característica dos bons romancistas e novelistas, de criar uma narrativa harmoniosa, que consiga ligar todos esses elementos.

Com um empurrãozinho de um amigo, de quem falarei noutro texto, concluí que, provavelmente, os meus dotes de escritor (se é que os tenho?) se revelam muito mais como a de um cronista, em que a liberdade de falar sobre o que me vai na alma e na mente, está deveras muito mais alinhada com aquilo que sempre sonhei.

Os sonhos, por bem definidos que estejam na nossa cabeça, não garantem que o caminho para os alcançar esteja claro e não possa ter encruzilhadas em que temos de fazer escolhas do percurso a seguir. Como alguém disse, “o caminho faz-se caminhando”.  

 

“Seja qual for o seu sonho, comece. Ousadia tem genialidade, poder e magia.”

John Aster (poeta irlandês)

 

VISITA À FAMÍLIA

Chegou o momento de fazer uma pausa. Até ao final de junho a minha atividade neste blogue será menos regular, com alguns apontamentos pontua...